O 8º Fórum Mundial da Água terminou nesta sexta-feira (23), em Brasília, com a participação de quase 100 mil pessoas durante os sete dias de evento.
O documento final deve ser divulgado nos próximos dias, mas os coordenadores dos diversos segmentos temáticos apresentaram os principais resultados das discussões acerca dos recursos hídricos, durante a cerimônia de encerramento.
O balanço é que as ações realizadas até agora em relação ao tema são insuficientes para garantir segurança hídrica para toda a população.
Para o coordenador do Processo Regional, Irani Braga Ramos, do Ministério da Integração, o ritmo das ações é insuficiente em muitas regiões. “Diferentes regiões e países estão avançando em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS] a partir de pontos de partida diferentes. É necessário expandir de forma sustentável os investimentos em água”, disse. “Os recursos financeiros terão de ser encontrados e a mobilização de financiamento requer boa governança”.
Foram mais de 6,7 mil participações nas 59 sessões do Processo Regional e os relatórios apresentam os esforços no compartilhamento de ideias, práticas, desafios e soluções para a água. Desafios esses que, para Ramos, tendem a continuar aumentando devido às mudanças climáticas.
Durante a cerimônia de encerramento do fórum, a coordenadora do Grupo Focal de Sustentabilidade, Marina Grossi, do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, ressaltou o senso de urgência e a transversalidade de outros setores em torno do tema água.
“Não adianta brigar e não colaborar com os setores que pegam mais água. Nosso alimento também chega mais caro se a água não chega à agricultura”, exemplificou ela.
Para Marina, é preciso dar sustentabilidade e melhorar a cooperação entre os setores. “Trabalhar fora da caixa”, disse. “Se a gente não fizer ações muito mais agressivas e significativas, toda essa agenda [dos ODS] não será cumprida até 2030”, ressaltou, cobrando mais apoio das Nações Unidas para o desenvolvimento de um diálogo político de alto nível.
Para o coordenador do Processo Político, ministro Reinaldo Salgado, do Ministério das Relações Exteriores, a grande inovação foi a realização de um segmento de juízes e procuradores. “Isso fecha um ciclo de inclusão no processo político com todos os principais agentes públicos”, disse. “O balanço geral é de um grande êxito tanto em quantidade e nível de delegações, quanto em qualidade dos debates”, avaliou.
Já para o senador Jorge Viana (PT-AC), que coordenou a Conferência Parlamentar, é importante deixar um legado do fórum, por isso, ele apresentou uma proposta de emenda à Constituição para incluir a água como direito humano. “Esse é um ponto fundamental de partida”, disse ele, lamentando ainda a ausência de representantes dos países mais ricos no fórum.
Todos os documentos do Processo Político, assim como de outras comissões, estão ou ainda estarão disponíveis na página do 8º Fórum Mundial da Água.
Durante a cerimônia de encerramento, o coordenador do Fórum Cidadão, Lupercio Antônio, apresentou os dez princípios pactuados durante o evento, como a educação e o acesso a informação para a efetiva participação social na gestão da água. Ele também comemorou o sucesso da Vila Cidadã, espaço que recebeu a visita de 40 mil crianças.
O presidente do comitê do Processo Temático, Torkil Jønch Clausen, também apresentou os resultados das 95 sessões realizadas durante o evento. As mensagens que serão detalhadas no relatório do fórum abrangem questões sobre clima, desenvolvimento, cidades, ecossistemas, finanças, compartilhamento, capacitação e governança.
As autoridades brasileiras organizadoras do fórum também passaram a bandeira do Conselho Mundial da Água para os organizadores da nona edição, que será realizado em Dacar, no Senegal, em 2021.
Grande Prêmio Mundial da Água de Quioto
Ainda durante o encerramento do evento, os representantes do Fórum da Água do Japão e do Conselho Mundial da Água entregaram o Grande Prêmio Mundial da Água de Quioto. A organização vencedora da quinta edição foi a Caridade Cristã para pessoas em Situação de Risco (CCPD, sigla em inglês), do país africano Togo.
A organização capacita indivíduos e grupos comunitários para melhorar o acesso a água potável e saneamento por meio da construção e remodelação de instalações de água potável e saneamento. Além disso, a CCPD organiza campanhas e oficinas de conscientização e educação.
O trabalho, que vem sendo realizado desde 2013, conseguiu diminuir doenças e mortes relacionadas à água e ao saneamento em comunidades de Togo.
Ao todo, foram 144 projetos inscritos de 46 países. A CCPD receberá o equivalente a US$ 18 mil dólares, que servirão para implementar o projeto e promover a gestão da água em Togo.
O prêmio é entregue desde 2003. O objetivo é encontrar e desenvolver boas práticas em todo o mundo relacionadas com o tema água. A quinta edição buscou homenagear organizações que vêm trabalhando para resolver problemas críticos de água nos países em desenvolvimento.
Ciberia // Agência Brasil