De acordo com um estudo da Universidade Complutense de Madri, alguns objetos distantes em nosso sistema solar carregam a marca gravitacional do sobrevoo de uma pequena estrela, que ocorreu 70 mil anos atrás.
Nesta época, seres humanos modernos já caminhavam pela Terra, de forma que nossos ancestrais provavelmente viram a estrela no céu.
Em 2015, uma equipe de pesquisadores anunciou que uma anã vermelha nomeada “estrela de Scholz” aparentemente passou roçando pelo nosso sistema solar 70.000 anos atrás, chegando a menos de 1 ano-luz do sol.
Em comparação, o vizinho estelar mais próximo do sol atualmente, Proxima Centauri, fica a cerca de 4,2 anos-luz de distância.
Os astrônomos chegaram a essa conclusão medindo o movimento e a velocidade da estrela de Scholz, que viaja ao lado de uma companheira menor, uma anã marrom, e extrapolando esses números até o passado. O estudo foi publicado no mês passado nos Monthly Notices, da Royal Astronomical Society.
A estrela de Scholz passou pelo sistema solar numa época em que os primeiros humanos e os neandertais compartilhavam a Terra. A estrela provavelmente pareceu uma leve luz avermelhada para quem olhou para cima na época.
O novo estudo reforça a análise de 2015 com um tipo diferente de evidência. A equipe, liderada pelo pesquisador Carlos de la Fuente Marcos, analisou 339 corpos conhecidos do sistema solar com órbitas hiperbólicas – caminhos em forma de V, em vez de circulares ou elípticos.
Objetos em órbitas hiperbólicas podem teoricamente ter vindo do espaço interestelar, assim como Oumuamua, o primeiro visitante do nosso sistema solar conhecido. Mas também podem ser objetos nativos do nosso próprio sistema solar que adquiriram órbitas estranhas através de interações gravitacionais com o sol ou com algum planeta.
Os objetos da nuvem de Oort – um anel gelado que abriga trilhões de cometas – podem até ter suas órbitas “perturbadas” pelo disco da Via Láctea ou por estrelas errantes que chegam perto demais deles.
Os pesquisadores utilizaram simulações numéricas para calcular os radiantes, ou as posições no céu a partir das quais todos esses objetos hiperbólicos parecem vir.
“Em princípio, seria de se esperar que essas posições fossem distribuídas uniformemente no céu, particularmente se esses objetos viessem da nuvem de Oort. No entanto, o que encontramos foi muito diferente: um acúmulo estatisticamente significativo de radiantes. A pronunciada superdensidade parece projetada na direção da constelação de Gêmeos, o que se encaixa na passagem próxima da estrela de Scholz”, disse Marcos.
Já Oumuamua não está entre o grupo de Gêmeos, então esse objeto bizarro parece realmente ter vindo de outro sistema estelar. Os pesquisadores também notaram que outros oito corpos podem ser intrusos interestelares, incluindo o cometa ISON, que passou próximo do sol em novembro de 2013.
// HypeScience / Space.com