A transição no poder em Cuba “é ilegítima”, considerou o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA). Declaração foi dada no mesmo dia que a ilha escolheu o novo presidente, Miguel Díaz-Canel, o primeiro em 60 anos sem Castro como sobrenome.
“A vitória da ditadura sobre a liberdade não se chama revolução. A sucessão presidencial à qual assistimos em Cuba é uma tentativa de manutenção de um regime autocrático dinástico e familiar. Isso se chama uma ditadura”, afirmou Luis Almagro, nesta quinta-feira (19), em comunicado.
A eleição de Miguel Díaz-Canel pela Assembleia Nacional “decorreu sem a livre expressão do povo cubano”, acrescentou no documento, com o título “Cuba, uma transição ilegítima”.
A chegada de Díaz-Canel ao poder “significa décadas de falta de democracia e de violações dos direitos humanos e de liberdades fundamentais”, escreveu o secretário-geral da OEA.
“Em 2018, um regime que prende e cala opositores e dissidentes (…) não pode ser considerado um sistema cuja prática política é aceitável”, declarou o responsável, para quem as ações do regime cubano “têm sido extremamente negativas para a estabilidade e segurança regionais”.
No ano passado, Almagro foi convidado a visitar o país para receber um prêmio em memória do dissidente cubano Oswaldo Payá, morto em 2012, mas as autoridades lhe negaram o visto.
“Número dois” do regime cubano, Miguel Díaz-Canel foi eleito nesta quinta para suceder ao presidente Raúl Castro, pondo fim a cerca de seis décadas de poder dos irmãos Castro em Cuba.
Cuba foi liderada pelo “histórico” Fidel Castro de 1976 a 2008 (o líder da revolução esteve antes como primeiro-ministro de 1959 a 1976) e depois com Raúl até agora.
Apesar de deixar o poder, Raúl continuará como secretário-geral do Partido Comunista de Cuba até o próximo congresso, previsto para 2021, o que faz muitos cubanos pensarem que a posse de Díaz-Canel não trará mudanças significativas.
Designado como o único candidato, o vice-presidente de 57 anos foi confirmado pelos parlamentares por um período renovável de cinco anos, com 603 votos dos 604 possíveis, ou 99,83% dos votos, informou o Cubadebate, portal oficial cubano na internet.
Juntamente com Díaz-Canel, foram também eleitos os restantes membros do Conselho de Estado (principal órgão de governo em Cuba), com o veterano Salvador Valdés Mesa como primeiro vice-presidente da ilha.
O grupo de cinco vice-presidentes estará integrado pelo “histórico” Ramiro Valdés, o ministro de Saúde Roberto Morales, a responsável de contas públicas Gladys Bejerano, a diretora do Instituto de Recursos Hidráulicos de Cuba Inés María Chapman e a presidente da Assembleia provincial de Santiago de Cuba, Beatriz Johnson.
O Conselho de Estado também fica composto por outros 23 membros e um secretário, cargo ocupado novamente por Homero Acosta.
Ciberia // ZAP