Os dodôs foram extintos há mais de 300 anos, mas os cientistas abriram agora uma pesquisa depois de perceberem que um dos pássaros – o espécime que inspirou o autor Lewis Carroll – foi brutalmente assassinado. Uma investigação sobre o ocorrido foi aberta no fim de abril, no Reino Unido.
Depois de recentemente terem digitalizado o famoso dodô para um escâner de microtomografia computorizada, os cientistas perceberam que as imagens mostram estranhas manchas no pescoço e na parte de trás da cabeça do animal.
Uma pesquisa mais profunda revelou que elas eram pequenas marcas de chumbo, o que significa que alguém alvejou o dodô por trás, matando o animal, anunciaram os cientistas.
O diretor do Museu de História Natural na Inglaterra, na Universidade de Oxford, Paul Smith, disse que a descoberta foi uma completa surpresa.
Durante anos, os curadores pensaram que o espécime era o mesmo levado para Londres em 1638, quando o animal ainda estava vivo, explicou o diretor. O famoso dodô era um espetáculo de curiosidade e as pessoas podiam pagar para vê-lo e alimentá-lo.
O que se pensava até agora era que o famoso dodô tinha morrido e seus restos mortais tinham sido adquiridos por John Tradescant the Elder, cuja família providenciou a coleção fundadora para os museus da Universidade de Oxford.
Mas esse dodô, que chamava tanta atenção, nunca foi alvejado, pelo menos que se saiba, o que levanta a questão: De onde veio o dodô em exposição em Oxford se não é o mesmo que protagonizava os espetáculos de curiosidade em Londres?
“Agora temos um mistério no que toca à origem do dodô”, disse Smith. Mas mistério maior que esse é “quem matou o dodô?”
Os dodôs, Raphus cuculatus, eram nativos das Ilhas Maurício, a leste de Madagascar, no Oceano Índico. Os europeus repararam pela primeira vez no animal quando exploradores holandeses o encontraram em 1598. Mas algumas décadas depois de os marinheiros esfomeados comerem a ave, e ratos, gatos, cães e os porcos comerem seus ovos, os dodôs foram dados como extintos na sua ilha nativa, em 1662.
O dodô de Oxford é o único no mundo que ainda contém pele e tecidos moles com DNA extraível. Em um estudo de 2002, publicado na Science, os pesquisadores examinaram seu DNA e descobriram que o pássaro é, na verdade, um pombo gigante que não voa, cujo familiar mais próximo vivo é o pombo de nicobar.
Os cientistas decidiram estudar de novo o animal para formularem uma ideia mais clara de como os dodôs se alimentavam e o que comiam, explicou o diretor.
Curiosamente, os cientistas descobriram que o tiro principal não penetrou o fino esqueleto do dodô. No entanto, os tiros foram, ainda assim, sua causa de morte.
“Esse é um pássaro que não voa. Por isso, obviamente, alguém o pegou por trás e o alvejou na cabeça“, disse Mark Williams, que lidera o grupo de tecnologias de avaliação de produto e metrologia, que estuda o dodô.
Agora que o caso foi reaberto, os cientistas planejam analisar o tiro principal para descobrir onde foi extraído.
“No momento, não sabemos exatamente onde o pássaro foi alvejado. Foi no Reino Unido? Ou, mais provável, nas Ilhas Maurício e transferido para o Reino Unido? Foi por comida? Não sabemos”, disse o pesquisador.
Ciberia // ZAP