Em um relatório divulgado nesta segunda-feira (21), o comitê dos negócios estrangeiros do Parlamento britânico critica a lavagem de dinheiro russo feita em Londres.
De acordo com o relatório “O ouro de Moscou: corrupção russa no Reino Unido”, elaborado pelo comitê dos negócios estrangeiros do Parlamento britânico, há dinheiro “sujo” vindo da Rússia escondido e lavado no Reino Unido.
Esse dinheiro estaria prejudicando os esforços do governo britânico de manter uma política externa dura perante o Kremlin. É desta forma que o comitê considera que a segurança nacional britânica está abalada.
Além disso, o comitê critica o Executivo de Theresa May por permitir que seja colocado dinheiro “diretamente nas mãos de regimes que querem prejudicar o Reino Unido, seus interesses e seus aliados”, refere o Observador.
“O governo não pode olhar para o lado enquanto cleptocratas e violadores de direitos humanos usam a Cidade de Londres [centro financeiro britânico na capital inglesa] para lavar os fundos que adquiriram de forma errada e para contornar sanções”, lê-se no relatório, divulgado nesta segunda-feira (21).
O relatório refere que uma parte do capital russo escondido e lavado em Londres é utilizado para financiar as campanhas do presidente russo, Vladimir Putin, e “subverter” as normas internacionais.
“Apesar da retórica dura, o presidente Putin e seus aliados têm conseguido continuar seu business as usual (fazendo negócios como sempre), escondendo e lavando seus bens corruptos em Londres”, bens que, segundo o comitê, apoiam direta e indiretamente a campanha do presidente.
Segundo o The Guardian, os deputados pedem ao ministério dos Negócios Estrangeiros “que estabeleça uma estratégia coerente para a Rússia, que ligue claramente as ferramentas diplomáticas, militares e financeiras que o Reino Unido pode usar para combater a agressão do Estado russo”.
Os deputados lamentam que o governo permita que tudo continue “aberto para os negócios”, mesmo depois do escândalo pela suposta tentativa de assassinato no Reino Unido do ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha, Yulia, que Londres atribuiu ao governo de Moscou.
No dia anterior, o deputado conservador Tom Tugendhat, presidente do comitê, já tinha escrito um artigo no Sunday Times no qual antevia críticas do relatório, ao falar em uma “resposta letárgica” aos avanços do Kremlin.
Mas as críticas não ficaram por aqui e foram para além do setor público, com o comitê criticando a firma britânica de advogados Linklaters, que acusa de estar “mergulhada na corrupção do Kremlin”, avança a Reuters.