O ex-espião russo que está internado em estado crítico, juntamente com a filha de 33 anos, foi vítima de um ataque com uma substância química que afeta o sistema nervoso. As autoridades britânicas suspeitam que a Rússia pode estar envolvida.
Sergueï Skripal, um antigo espião russo recrutado pelos Serviços Secretos britânicos, e a filha Youlia estão hospitalizados, em estado grave, depois de terem sido encontrados inconscientes, e sem ferimentos visíveis, no banco de um centro comercial em Salisbury, no sul da Inglaterra, onde residem.
Um dos primeiros agentes da polícia a chegar ao local está também internado em estado grave, presumivelmente devido à ação da substância química usada no ataque.
As autoridades britânicas revelam que foram vítimas de uma “tentativa de homicídio”, com recurso a um agente nervoso “muito raro”, como revelou a Secretária de Estado para os Assuntos Internos do Reino Unido, Amber Rudd, em declarações divulgadas pela BBC.
A polícia já teria identificado o agente nervoso usado, mas não revelou qual seria nesta fase da investigação. Uma fonte não identificada revela à BBC que “é, provavelmente, mais raro do que o gás Sarin“, usado em ataques químicos na Síria.
Também não seria o agente nervoso VX, que teria sido usado no assassinato do meio-irmão do líder norte-coreano, Kim Jong-un, no ano passado, segundo a mesma fonte.
O que são agentes nervosos?
Os agentes nervosos são substâncias químicas altamente tóxicas que afetam o sistema nervoso. Podem ter a forma de pó, de gás, ou serem líquidos, e entram no organismo por inalação ou através da pele.
Geram sintomas como sensação de queimadura nos olhos, dores fortes, tosse e dificuldade em respirar, apresentando uma evolução bastante rápida. Em poucos segundos, as vítimas podem desmaiar e sofrer convulsões e, em última instância, morrer.
Tensão aumenta
As autoridades britânicas tentam agora apurar quem seria o responsável ou os responsáveis pelo ataque, numa altura em que se especula que a Rússia pode estar envolvida no caso.
Sobre a morte por envenenamento do ex-espião russo Alexandre Litvinenko, em 2016, em Londres, um inquérito oficial especulava igualmente sobre eventuais responsabilidades russas.
Mesmo que não haja provas desse envolvimento russo, o ataque a Skripal aumenta a tensão que já existia entre a Grã-Bretanha e a Rússia.
Em dezembro passado, o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas do Reino Unido, Stuart Peach, dava conta desse mal-estar, classificando a Rússia como uma ameaça ao mundo, e lançando o receio de o país do leste europeu cortar a internet mundial.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, admite um eventual boicote diplomático à próxima Copa do Mundo de Futebol que será realizada em junho deste ano, na Rússia. Já as autoridades russas falam em “acusações sem fundamento” e em uma “campanha anti-Rússia”, cita a BBC.
Sergueï Skripal é um ex-coronel dos Serviços de Inteligência da Rússia que foi recrutado pelos serviços secretos britânicos em 1995. Em troca de dinheiro, Skripal forneceu ao Reino Unido a identidade de vários espiões russos que operavam na Europa, bem como outras informações militares russas, destaca a BBC.
Em 2006, Skripal foi condenado na Rússia, mas, posteriormente, foi alvo de uma troca de espiões levada a cabo entre as autoridades russas, norte-americanas e britânicas. Foi, nessa época, que se mudou para a Inglaterra.
Ciberia // ZAP