Cientistas descobriram recentemente que o HIV pode permanecer adormecido no corpo de uma pessoa durante vários anos e que os pacientes com essa condição são mais vulneráveis a condições neurológicas e neuropsiquiátricas.
Sabe-se há muito tempo que o vírus HIV, que causa a Aids, desabilita as células do sistema imunológico, responsáveis pelo combate aos micro-organismos invasores e pela supressão de cânceres malignos.
Agora, os cientistas descobriram que o HIV desabilita não só as células da corrente sanguínea, como também no cérebro e medula espinal. Além disso, o HIV pode permanecer adormecido no corpo de uma pessoa durante vários anos.
O médico e pesquisador Habibeh Khoshbouei tem trabalhado nesta questão durante vários anos, tendo aprendido que uma das consequências do HIV no cérebro é que as doenças relacionadas à idade – condições neurológicas, como a doença de Alzheimer e Parkinson – se desenvolvem muito antes.
Os cientistas queriam entender o motivo por que isso acontecia. Assim, chegaram à conclusão que os efeitos do HIV persistem apesar do tratamento. Embora as terapias antirretrovirais combinatórias (CART) reduzam as cargas virais para níveis indetectáveis no sangue, o HIV pode se esconder dentro do sistema nervoso central, e se integrar aos genomas das células cerebrais chamadas micróglia – células imunes do cérebro.
No cérebro, o HIV continua produzindo proteínas virais e danifica tanto as células infectadas como as não infectadas, aumentando assim o risco de demência, dependência e outros problemas neurológicos.
Através de experiências com ratos de laboratório, os cientistas quiseram compreender melhor a ligação entre a infecção pelo HIV e a doença neurológica. Os cientistas descobriram que uma proteína do HIV, chamada HIV-1 Tat, reduz o nível de uma proteína importante necessária para a produção de um neurotransmissor de dopamina no cérebro.
Além disso, descobriram também que uma enzima necessária para produzir dopamina, chamada tirosina hidroxilase, não estava sendo detectada em alguns neurônios. Isso sugere que os ratos deixaram de conseguir produzir tanta dopamina, o que reduz a capacidade de comunicação entre as células do cérebro, prejudicando a capacidade de movimento, por exemplo.
Dessa forma, os resultados, publicados na revista Glia, revelam como os pacientes com HIV são mais vulneráveis a condições neurológicas e neuropsiquiátricas, de alguma forma ligadas à interrupção dos níveis de dopamina no cérebro.
Ciberia // ZAP