Será que as bactérias conseguiriam se alojar em outras? A ciência acredita que sim. Por norma, o tamanho das bactérias varia entre os 0,2 micrômetros a quase um milímetro, ou seja, uma diferença mil vezes maior o suficiente para acomodar uma pequena bactéria dentro de uma outra bactéria maior.
Em biologia, nada impede que bactérias invadam outras bactérias. E, segundo o biologista molecular Drew Smith, “na biologia, o que não é proibido é inevitável”.
Drew Smith aponta um exemplo: à semelhança de muitas cochonilhas (um pequeno inseto, Dactylopius coccus), o Planococcus citri possui um endossimbionte bacteriano, neste caso o β-proteobacterium Tremblaya princeps. E este endossimbionte, por sua vez, tem a γ-proteobacterium Moranella endobia vivendo dentro dele.
“Não conheço exemplos de bactérias de vida livre que hospedam outras bactérias dentro delas, mas isso reflete a minha ignorância ou a probabilidade de não termos procurado por elas. Tenho certeza de que elas estão por aí“, explicou.
Segundo Drew Smith, a maioria dos cientistas que se dedicam a estudar a origem das células eucarióticas acreditam que elas são descendentes da Archaea. Mas todos os cientistas aceitam que as mitocôndrias que vivem dentro de células eucarióticas são descendentes de alfa-proteobactérias invasivas.
No entanto, o que não é claro é se as células arqueais se tornam eucarióticas na natureza – ou seja, adquirem membranas internas e sistemas de transporte – antes ou depois de adquirirem as mitocôndrias. Esboçam-se assim duas hipóteses sobre a origem dos eucariontes: a hipótese de Archaezoan e a hipótese simbiótica.
“Ter bactérias dentro de bactérias não é só uma ideia maluca”, diz Drew Smith. “A ideia explica provavelmente a origem da Eucarya e, portanto, da nossa própria espécie“.
Ciberia // ZAP