Paleontólogos descobriram as “pegadas mais antigas da Terra”

Shuhai Xiao et al. / Science Advances

As pegadas encontradas na China datam de 10 milhões de anos antes da Explosão Cambriana

Um grupo de cientistas da China afirma ter descoberto as “pegadas mais antigas” já encontradas. Os fósseis, localizados no Yangtze Gorges, no sul da China, foram formados em trilhas paralelas na lama e datam de 551 milhões de anos atrás.

De acordo com o Independent, as pegadas fossilizadas datam de 10 milhões de anos antes da Explosão Cambriana, quando artrópodes e outras formas de vida animal floresceram muito rapidamente. Acredita-se que também tenha sido neste momento que apareceram criaturas com pares de pernas capazes de deixar esse tipo de pegada.

Cientistas do Instituto de Geologia e Paleontologia da Academia Chinesa de Ciências de Nanjing, com pesquisadores da Virginia Tech, nos EUA, estudaram os rastros e as depressões encontradas na área rica em fósseis perto do Rio Yangtze.

Questionado sobre como as equipes de pesquisa sabiam que as impressões encontradas eram pegadas, Shuhai Xiao, cientista da Virginia Tech, disse ao Independent que “se um animal faz pegadas, elas são depressões na superfície do sedimento e as depressões são preenchidas com sedimentos da camada sobrejacente.

“Este estilo de preservação é diferente dos outros traços de fósseis, como por exemplo em túneis e tocas ou fósseis de corpos”, explicou.

“As pegadas estão organizadas em duas filas paralelas, como se fossem feitas por animais com apêndices emparelhados. Além disso, os animais se organizavam em grupos repetidos, como é esperado se o animal tem múltiplos apêndices emparelhados”.

Shuhai Xiao et al / Science Advances

As pegadas encontradas na China datam de 10 milhões de anos antes da Explosão Cambriana

Até agora, não existiam evidências de animais com membros inferiores antes da Explosão Cambriana. O súbito aumento na diversidade de espécies ocorreu na Terra entre 510 e 540 milhões de anos atrás. De forma incomum, as pegadas encontradas parecem ser irregulares e desorganizadas, sugerindo que esses animais eram “desajeitados”.

No estudo, publicado semana passada na Science Advancesos cientistas explicam que as faixas tinham semelhanças com as impressões fósseis registradas em Dunure e Montrose, na Escócia, datadas entre 419 a 358 milhões de anos.

No entanto, a nova descoberta não dá informações suficientes para que os cientistas possam determinar que tipo de animal deixou essas pegadas.

“Nós declaramos explicitamente no artigo que não sabemos exatamente que animais fizeram essas pegadas. Além disso, os animais devem ter sido bilateralmente simétricos, porque tinham um par de apêndices”, frisou Xiao.

Xiao notou ainda que há três grupos vivos de animais com apêndices emparelhados: os artrópodes (como as abelhas), os anelídeos (como os vermes) e os tetrápodes (como os humanos).

“Artrópodes e anelídeos – ou seus ancestrais – são possibilidades para levar em conta; e artrópodes e anelídeos modernos dão evidências apropriadas para guiar nossa interpretação sobre esses fósseis”, diz Xiao.

“A menos que o animal tenha morrido e fossilizado perto das suas pegadas, é difícil dizer com confiança qual animal deixou as pegadas”, conclui o paleontólogo.

Ciberia // ZAP

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