Uma médica de clínica geral, agora aposentada, seria a responsável pela morte de centenas de pacientes. A médica é acusada de prescrever doses fatais de analgésicos opiáceos a idosos no Reino Unido, nos anos 90.
Jane Barton, de 69 anos, é acusada de ter prescrito doses fatais de diamorfina – um forte analgésico de opiáceos – a pacientes idosos, enquanto trabalhava no Hospital Gosport War Memorial, no Reino Unido, segundo o Telegraph.
Em uma investigação de 13 milhões de libras, citada pelo Sunday Times, Barton é descrita como uma pessoa “brusca, hostil e indiferente”, sendo esperado agora que ela seja responsabilizada pelas dezenas de mortes que teria causado.
O governo britânico analisou cerca de 833 certidões de óbito atestadas pela médica durante um período de 30 anos, depois de investigações anteriores terem “deixado perguntas por responder”. A investigação tinha como objetivo compreender o motivo de tantas mortes e analisar a forma como as autoridades responderam às reclamações
Investigações realizadas anteriormente foram inconclusivas quanto às mortes. No entanto, e dois anos após Barton começar a trabalhar no hospital, a direção já se mostrava preocupada com o uso liberal de analgésicos.
A polícia iniciou uma investigação a 92 mortes no hospital de Gosport, mas o Serviço de Acusação da Coroa afirmou, em 2006, que não haviam provas suficientes.
Anos depois, a médica foi considerada culpada “em várias instâncias” pelo Conselho de Medicina Geral por apresentar “uma conduta profissional grave”. Barton não foi retirada da sua atividade profissional nem acusada de homicídio, decidindo se aposentar na mesma época, em 2010.
A médica britânica disse não querer que seus pacientes estivessem em dor, afirmando ter agido sempre de acordo com os interesses dos pacientes.
“Me deparei com uma excessiva e crescente carga de responsabilidade ao tentar tratar dos pacientes do hospital. Fiz o melhor que pude por eles, segundo as circunstâncias”, disse a médica depois de ser ouvida no Conselho de Medicina Geral.
James Jonas, um bispo de Liverpool, foi o responsável pela investigação de quatro anos, que será publicada nesta quarta-feira (20). Segundo Jonas, seu objetivo não é levar o caso à polícia nem pressionar as autoridades competentes, pois isso não faz parte de suas competências.
No mesmo dia da divulgação da investigação, o bispo de Liverpool irá revelar os resultados às famílias das vítimas em uma sessão fechada na Catedral de Portsmouth.
Barton, apelidada de “Doutora Opiáceo”, foi o principal foco da investigação, contudo, outros profissionais de saúde foram também investigados.
Espera-se ainda que a primeira-ministra britânica, Theresa May, aborde o assunto durante a sessão de “Questões ao Primeiro-Ministro”, que será realizada no mesmo dia e conta com a presença do secretário de saúde, Jeremy Hunt.
Ciberia // ZAP