Cientistas dinamarqueses descobriram níveis elevados de arsênio em três livros dos séculos XVI e XVII, que estavam nas estantes da biblioteca de uma universidade do país. Uma descoberta surpreendente e que poderia ser letal para quem consultasse os livros.
Especialistas da Universidade do Sul da Dinamarca fizeram a surpreendente descoberta quando estudavam fragmentos de manuscritos medievais, que foram reutilizados para fazer as capas de outros livros.
Os pesquisadores tentavam identificar o tipo de textos latinos utilizados para o efeito, quando se depararam com um pigmento verde na capa dos livros.
Com o recurso a tecnologia de fluorescência de micro-raios-X, que é habitualmente utilizada para analisar as propriedades químicas de cerâmicas e pinturas, conseguiram detectar que o pigmento era, na verdade, arsênio, revelam os pesquisadores dinamarqueses Kaare Lund Rasmussen e Jakob Povl Holck, no The Conversation.
As capas dos livros tinham “grandes concentrações de arsênio” e acredita-se que o pigmento, contendo esse elemento químico altamente tóxico, tenha sido usado no século XIX para proteger os volumes de insetos e vermes.
“Estávamos à procura de escrita que mostrasse como a tinta pode conter cobre ou ferro ou cálcio. Contudo, no momento em que colocamos o feixe de raios-X na superfície verde, vimos as fantásticas quantidades elevadas de arsênio”, revelam os pesquisadores.
O arsênio está entre “as substâncias mais tóxicas do mundo”. O elemento químico pode causar “vários sintomas de envenenamento”, levar ao desenvolvimento de câncer e até a morte, acrescentam os pesquisadores.
Os livros que contêm arsênio são o “Anglica Historia” de Polydorus Vergilius (1570), o “Historia boiemica” de Johannes Dubravius (1575), e o “Vitæ Patrum Das ist: Das Leben der Altväter, Zu nutz Den Predigern Göttliches Worts” de Georg Maior (1604).
A Biblioteca da Universidade está, agora, armazenando os livros venenosos em caixas separadas, com etiquetas de segurança, em um gabinete ventilado.
“A razão para a última recomendação é que o arsênio tem uma tendência em se transformar em arsina, que é transportada pelo ar (AsH3), dadas as condições adequadas de umidade e luz”, explica Kaare Lund Rasmussen à Fox News.
A arsina ou hidreto de arsênio se forma quando o elemento químico entra em contato com um ácido. Trata-se de um gás incolor extremamente tóxico, que pode romper os glóbulos vermelhos e causar a morte através de falência renal.
“O próximo passo é avisar os bibliotecários e os leitores de livros antigos para usarem luvas protetoras, e avisar as bibliotecas para armazenarem qualquer livro antigo pintado de verde em um ambiente seco e escuro, longe do risco de pessoas que inalem o ar acima dos livros”, salienta ainda Rasmussen, na Fox News.
Ciberia // ZAP