Uma equipe de astrônomos descobriu um planeta gigantesco com um campo magnético extremamente forte vagando pela nossa vizinhança galáctica.
Segundo o Science Alert, os astrônomos detectaram o estranho objeto através do radiotelescópio Very Large Array (VLA), situado no Novo México, a apenas 20 anos-luz da Terra. Esta foi a primeira vez que um objeto de massa planetária foi detectado por radiotelescopia.
Batizado de SIMP J01365663+0933473, o novo planeta é 12,7 vezes mais massivo que Júpiter, o que significa que está bem no limite daquilo que caracterizamos como um planeta, estando bem mais perto do território das estrelas anãs marrons.
“Esse objeto está na fronteira entre um planeta e uma anã marrom, ou ‘estrela falhada’, e nos fornece algumas surpresas que potencialmente poderão nos ajudar a entender os processos magnéticos das estrelas e dos planetas”, explica a astrônoma Melodie Kao, da Arizona State University.
Uma anã marrom é um objeto muito pequeno para produzir fusão de hidrogênio – o processo dominante que gera energia nas estrelas – mas grande o suficiente para a fusão de deutério – processo de baixa temperatura vital para estrelas recém-formadas.
Por isso, costumam se situar na fronteira entre estrelas muito pequenas e gigantescos planetas, com massas que são entre 13 a 80 vezes maiores do que Júpiter, e por isso conhecidas como “estrelas falhadas”.
Inicialmente, acreditava-se que esses objetos não emitiam ondas de rádio, mas, em 2001, cientistas descobriram que eram absolutamente repletos de atividade magnética. Outras observações também revelaram que anãs marrons podem gerar fortes auroras.
Características do planeta
Na Terra, as auroras são geradas por ventos solares, que interagem com partículas carregadas na nossa ionosfera. Essas partículas carregadas viajam ao longo das linhas do campo magnético do planeta até os polos, onde se manifestam como luzes no céu, produzindo fortes emissões de rádio.
Mas, até onde sabemos, as anãs marrons não estão nas proximidades de qualquer vento estelar, fazendo das suas auroras uma espécie de quebra-cabeça que os cientistas ainda não entendem muito bem. Estes são os processos que o SIMP J01365663+0933473 pode ajudar os astrônomos a entenderem melhor.
Descoberto no meio de um aglomerado de estrelas muito jovens, o estranho objeto tem cerca de 200 milhões de anos, um autêntico “bebê”, em termos da idade do Universo. Embora seja 12,7 vezes mais massivo que Júpiter, é apenas um pouco maior, com um raio de 1,22 vezes do gigante gasoso do Sistema Solar.
Em comparação com a temperatura da superfície solar de 5.500 graus Celsius, é relativamente frio, com 825 graus Celsius. Por sua vez, seu campo magnético é 200 vezes mais forte que o de Júpiter.
A equipe acredita ter detectado emissões de rádio de auroras no novo planeta, o que representa um desafio na forma como entendemos os mecanismos para o fenômeno tanto em anãs marrons como exoplanetas.
“Esse objeto em particular é empolgante porque estudar seus mecanismos de dínamo magnético pode nos dar novas percepções sobre como o mesmo tipo de mecanismo pode operar em planetas extrassolares – planetas além do nosso Sistema Solar”.
“Achamos que esses mecanismos podem funcionar não só em anãs marrons, mas também em planetas gigantes e terrestres”, explica ainda Kao, uma das autoras do estudo, publicado no Astrophysical Journal.
A descoberta também pode ter outra implicação importante, além da compreensão de auroras: “Detectar o SIMP J01365663+0933473 através da sua emissão de rádio auroral também significa que podemos ter uma nova forma de detectar exoplanetas, incluindo aqueles que não orbitam uma estrela-mãe”, explicou o astrônomo Gregg Hallinan, do Instituto de Tecnologia da Califórnia e outro dos autores do mesmo estudo.
Ciberia // HypeScience / ZAP