Uma cidade na costa da França teve que fechar suas praias por causa de um visitante particularmente agressivo. E não, não é um tubarão, mas um golfinho muito “animado”.
O golfinho, com 3 metros de comprimento e chamado Zafar, passou os últimos meses frequentando a baía de Brest, em Landévennec, na Bretanha (noroeste da França). No entanto, nas últimas semanas, ele começou a mostrar comportamentos peculiares.
De acordo com a imprensa local, citada pelo IFLScience, ele tem “se esfregado” contra caiaques e pequenos barcos, além de impedir os banhistas de retornarem à costa e até mesmo usar o focinho para empurrar uma mulher desavisada para fora da água.
Zafar já foi culpado de alguns sustos, mas ninguém foi ferido ainda.
Em resposta às travessuras do golfinho, o prefeito da cidade, Roger Lars, proibiu atividades de banho e mergulho sempre que Zafar estiver nas proximidades. Chegar a menos de 50 metros do golfinho também é estritamente proibido.
Alguns criticaram a decisão, chamando-a de “excessiva”. Um deles é o especialista em direito ambiental Erwan Le Cornec, que disse ao Ouest-France que o prefeito tenta fazer os golfinhos parecerem “bestas ferozes”.
Segundo o IFLScience, os golfinhos têm vidas sexuais interessantes e parecem fazer sexo não apenas para fins reprodutivos, mas também por puro prazer.
Estes cetáceos já foram observados praticando comportamento homossexual e se masturbando (com a cabeça de um peixe morto). Houve até histórias de golfinhos mostrando uma atração por seres humanos. Um exemplo disso é o caso de Margaret Howe Lovatt e um jovem golfinho macho chamado Peter, que teve um fim particularmente trágico.
Quanto a Zafar, a situação também é triste.
Elizabeth Hawkins, pesquisadora líder da Dolphin Research Australia, disse ao Washington Post que esse desempenho não é tão incomum para um golfinho na posição de Zafar, sendo um “pária social” (por qualquer razão, ele foi isolado dos outros golfinhos e agora quer se envolver socialmente). “Essa fricção [contra caiaques e barcos] é uma tentativa de satisfazer esse desejo”, afirma.
A proibição não é apenas do interesse de potenciais “vítimas” humanas, mas o melhor para Zafar, diz a pesquisadora.
Isto porque os golfinhos solitários correm o risco de se acostumar com o contato com as pessoas, o que pode deixá-los extremamente vulneráveis a maus-tratos nas mãos de humanos e outros perigos relacionados a nossa espécie, incluindo barcos de pesca.
A prefeitura da cidade espera que a proibição ajude Zafar a recuperar seus instintos naturais, mas a lição aqui é a seguinte: os golfinhos têm uma reputação de serem criaturas sociais e amigáveis, mas, como todos os animais selvagens, é melhor que sigam suas vidas – sem interferência humana.
EM, Ciberia // IFLScience