O desaparecimento sem explicações do jornalista Jamal Khashoggi, crítico do governo da Arábia Saudita, está se transformando em pesadelo para a economia do país.
A monarquia saudita afirmou no domingo (14) que responderia com fortes represálias caso continuem as sanções econômicas, impostas pelos outros Estados depois que o caso veio à tona.
A reação do governo saudita mostra que o príncipe Mohammed ben Salman não esperava por todas as críticas que seu reino vem recebendo. O caso Khashoggi fez com que vários empresários norte-americanos anulem sua participação no próximo “Davos no deserto”, a grande reunião anual do negócio na região.
A edição desse ano não terá, por exemplo, a presença de Jamie Damon, chefe do banco JP Morgan, nem os patrões da marca Ford e do aplicativo Uber. Jornalistas de língua inglesa também decidiram boicotar o evento, previsto para a semana que vem. A bolsa saudita perdeu no domingo 7% de seu valor.
Com as retaliações da comunidade internacional, a cidade ecológica de Neom, assim como projetos turísticos do mar Vermelho, apresentados na edição do ano passado do Davos do deserto, perdeu apoios importantes.
Mas antes mesmo do caso Khashoggi, várias decisões do governo saudita decepcionaram investidores, diminuindo os investimentos exteriores de US$ 7,5 bilhões em 2016 para US$ 1,4 bilhões em 2017.
O presidente norte-americano, Donald Trump, que evocou sanções contra a Arábia Saudita, tem no entanto uma relação histórica com esse país – e vice-versa. Atualmente, a Casa Branca conta com o apoio de Riade para sufocar a produção petrolífera iraniana sem explodir os preços.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, deve visitar nesta semana a Arábia Saudita para se encontrar com o rei Salman e discutir sobre o caso Khashoggi. Trump, que telefonou para o rei Salman, afirmou que o desaparecimento do jornalista foi produzido por “assassinos incontroláveis”.
“Acabei de falar com o rei da Arábia Saudita, que diz ignorar o que pode ter acontecido com o cidadão saudita. Estou enviando imediatamente nosso secretário de Estado para encontrá-lo”, disse o presidente dos Estados Unidos.
// RFI