Uma estranha rajada de ondas de rádio detectada no espaço foi rastreada até uma galáxia a 120 milhões de anos-luz do nosso planeta – a nível astronômico, essa é uma distância incrivelmente curta da Terra.
Esse sinal cósmico, apelidado de FRB 171020, faz parte da enorme descoberta anunciada semana passada por especialistas australianos. Em apenas um ano, o Australian Square Kilometre Array Pathfinder identificou 20 desses sinais de rádio que emanam do espaço profundo e, um dos quais, passou extremamente perto de nós.
As rajadas rápidas de rádio (fast radio bursts ou FRB) são um dos fenômenos mais intrigantes de todo o Universo. Apesar de extremamente poderosos – podendo gerar tanta energia quanto centenas de milhões de sóis –, suas emissões são breves e pontuais e, por isso, são muito difíceis de serem encontradas e estudadas.
Foi em 2007 que as primeiras manifestações cósmicas desse tipo começaram a ser debatidas pela comunidade científica e, desde então, pouco mais se descobriu sobre esses sinais. Os cientistas continuam sem entender o que poderia produzir uma explosão tão fugaz, mas, ao mesmo tempo, tão forte.
Todas essas incertezas, como nota o Daily Mail, levaram alguns especialistas a especular se essas rajadas de rádio podem ser fruto da colisão de estrelas com mensagens criadas por civilizações alienígenas avançadas tecnologicamente.
De acordo com os cientistas da Universidade de Tecnologia de Swinburne, na Austrália, que são responsáveis pela descoberta, o objeto que teria originado a emissão do sinal estaria a menos de 100 milhões de anos-luz da Terra – realmente perto.
A maioria das explosões até agora detectadas estão a 1 bilhão de anos luz de distância. No entanto, a FRB 171020 veio de uma galáxia a cerca de 120 milhões de anos luz, provavelmente da galáxia ESO 601-G036.
Elizabeth Mahony, uma das pesquisadoras envolvidas no descoberta, afirmou que essa galáxia tem características – tamanho, quantidade de oxigênio, velocidade da formação das estrelas – semelhantes às de Auriga, a única outra galáxia onde já se identificou com precisão uma rajada rápida de rádio.
No entanto, Auriga está bem mais distante da Terra, localizando-se a 2,4 bilhões de anos-luz. Ou seja, está quase 20 vezes mais longe que a galáxia rastreada agora – esses sinais cósmicos nunca estiveram tão perto da Terra.
Os cientistas estão esperançosos em descobrir a origem desses sinais, desenvolvendo pesquisas nesse sentido. A equipe de Mahony, por exemplo, foca seus telescópios na ESO 601-G036, tentando perceber de que parte da galáxia é que estes sinais são oriundos.
“E depois disso poderemos ser finalmente capazes de resolver o mistério dessas rápidas explosões de rádio”, concluiu Mahony, em declarações à New Scientist.