O fundo do mar está se dissolvendo (e a culpa é dos humanos)

As emissões de gases de efeito estufa, que tem provocado mudanças climáticas no planeta, também estão fazendo com que o fundo do mar se dissolva cada vez mais rápido, de acordo com um novo estudo.

O oceano é conhecido como esgoto de carbono, uma vez que absorve carbono da atmosfera, que acidifica a água. Nas profundezas do oceano, onde a pressão é alta, a água do mar acidificada reage com o carbonato de cálcio, originário de criaturas mortas. A reação neutraliza o carbono, criando bicarbonato.

Ao longo dos milênios, essa reação tem sido uma forma prática de armazenar carbono sem prejudicar a química do oceano. Mas, como os humanos queimam combustíveis fósseis, cada vez mais carbono tem se acumulado no oceano.

De acordo com a NASA, cerca de 48% do excesso de carbono que os seres humanos enviaram para a atmosfera foram bloqueados nos oceanos.

Todo esse carbono leva a oceanos mais ácidos, o que significa uma dissolução mais rápida do carbonato de cálcio no fundo do mar. Pesquisadores liderados pelo cientista oceânico Robert Key estimaram a provável taxa de dissolução em todo o mundo, usando a corrente de água, medições de carbonato de cálcio em sedimentos do fundo do mar e outras métricas-chave, como a salinidade do oceano e a temperatura.

Os resultados, publicados em outubro nos Proceedings of The National Academy of Sciences, foram uma mistura de boas e más notícias. A boa era que a maioria das áreas dos oceanos ainda não mostrava uma diferença dramática na taxa de dissolução de carbonato de cálcio antes e depois da revolução industrial.

No entanto, existem vários locais onde as emissões de carbono causadas pelo homem tem feito uma grande diferença. O maior ponto crítico é o Atlântico Norte Ocidental, onde o carbono é responsável por entre 40 e 100% de carbonato de cálcio dissolvido. Há outros pequenos pontos críticos, no Oceano Índico e no Atlântico Sul, onde os depósitos de carbono e rápidas correntes aceleram a taxa de dissolução.

O Atlântico Norte Ocidental é o local onde a camada do oceano sem carbonato de cálcio subiu 300 metros. Essa profundidade ocorre quando o carbonato de cálcio proveniente de animais mortos é anulado pela acidez do oceano. Abaixo dessa linha, não há acumulação de carbonato de cálcio.

O aumento na profundidade indica que agora, quando há mais carbono no oceano, as reações de dissolução estão ocorrendo mais rapidamente e em profundidades menores.

“A destruição química de sedimentos ricos em carbonatos depositados já começou e vai se intensificar e se espalhar por vastas áreas do leito marinho durante as próximas décadas e séculos, alterando o registro geológico do fundo do mar“, escreveu Key.

Os cientistas ainda não sabem o que essa alteração no fundo do mar significará para as criaturas que vivem nas profundezas, mas futuros geólogos poderão ver mudanças climáticas provocadas pelo homem nas rochas, eventualmente formadas pelo leito oceânico da atualidade.

Ciberia // ZAP

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