Um menino de 11 anos se suicidou na cidade de Beausoleil, perto do Mônaco, no sul da França, depois de ter recebido um castigo no colégio por ter usado o celular em sala de aula.
A criança, que frequentava o quinto ano, falou com dois amigos sobre a sua intenção, antes de se jogar de uma ponte. A tragédia aconteceu na semana passada, mas só foi revelada no sábado pela imprensa local.
O procurador de Nice, Jean-Michel Prêtre, confirmou a existência de uma investigação, segundo divulgou a rádio France Bleu Azur. A criança estudava no colégio público de Bellevue, perto do Mônaco.
“O menino, como era costume, estava a caminho do ponto de ônibus com dois amigos, na volta para casa, quando anunciou aos companheiros que queria se matar”, informou o procurador, segundo o qual as crianças da escola começaram a falar do caso. Algumas teriam mesmo sido “mais ou menos testemunhas” do drama, diz Prêtre.
“Tudo parece ter tido origem no pânico que a criança sentiu após as advertências de um professor, por ter usado o celular na sala de aula e por ter sido castigado por isso”, acrescentou Prêtre.
Os dois colegas do estudante, que pegaram o ônibus, viram que o amigo continuou a andar, e avisaram seus próprios pais, que ligaram para os pais do menino. Mas os pais do estudante chegaram ao local e encontraram o corpo do filho já sem vida, debaixo de uma ponte.
A criança teria sido castigada com mais duas horas de exercícios na escola, um tipo de punição relativamente frequente nas escolas francesas. Mas a questão da punição é controversa.
Quando desrespeitam o regulamento escolar, alguns professores preferem mandar as crianças castigadas fazer uma pesquisa na biblioteca ou simplesmente deixá-las de castigo na sala dos professores. O regulamento é lido e discutido com as crianças no início do ano letivo.
No dia 3 de agosto, entrou em vigor na França o novo artigo do código de educação que proíbe o uso de celulares nas salas de aula do ensino obrigatório, uma proibição que afeta diretamente cerca de 10 milhões de estudantes. A medida era uma promessa de campanha do presidente Emmanuel Macron.
Cada escola tem liberdade de regulamentar a aplicação das novas normas e possíveis punições. Se algumas escolas, mesmo antes das novas regras, já impediam o uso dos equipamentos, outras se negam a dizer adeus aos celulares, que são tolerados nos momentos de recreio.
Beausoleuil é uma vila com 4.884 habitantes, a 25 quilômetros da fronteira com a Itália. O prefeito da cidade, Gérard Spinelli, adiantou que uma equipe de psicólogos do Ministério da Educação francês esteve na escola na semana passada para prestar assistência aos alunos do estabelecimento de ensino.