A maior parte das crianças matriculadas no 3º ano do ensino fundamental está na fase final do processo de alfabetização. Mas não podemos generalizar e esperar isso de um aluno com necessidades especiais. Como então promover a inclusão dessa criança e permitir que ela se desenvolva respeitando suas limitações?
A professora Joana D’Arc Manente não tem uma fórmula mágica, mas faz o que está ao seu alcance para que Stevão, 9 anos, dê o seu melhor.
Joana dá aula para o menino, diagnosticado com Retardo Mental (RM) e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID), na Escola Municipal Nilza Maria Carbonari Fagoti, em Vinhedo, a 68 quilômetros de São Paulo.
Não é a primeira vez que ela leciona para crianças com múltiplas necessidades, mas é a primeira vez numa escola pública. Além de Stevão, a escola tem mais quatro crianças com quadros clínicos que precisam de uma atenção especial dos professores, estudantes e demais servidores da comunidade escolar.
“Pude ver de perto o quanto a inclusão é difícil. Pois é quase impossível fazer um bom trabalho de inclusão sem um auxiliar em sala, já que na maioria das vezes essas crianças demandam uma atenção maior. O Stevão ainda usa fraldas, então é preciso de alguém para os cuidados com a higiene”, disse Joana, em entrevista ao Razões para Acreditar.
Na escola privada ou pública, o desafio é o mesmo: encontrar maneiras de fazer a criança aprender. “Não podemos exigir que ele acompanhe o conteúdo, portanto proponho atividades específicas para ele, que possam ajudá-lo a melhorar seu desenvolvimento”, afirma a professora.
Joana conta com o suporte de um cuidador em sala de aula que a prefeitura de Vinhedo disponibiliza para as escolas que têm alunos especiais. Ela e Murilo oferecem materiais adaptados para que Stevão possa se desenvolver. Como a coordenação motora do garoto é comprometida, eles estimulam Stevão com brinquedos sensoriais.
“Nos momentos de atividade pedagógica eu acompanho o Stevão segurando suas mãos e explicando calmamente o que estamos fazendo. Ele ainda é uma criança não verbal, mas podemos entender como ele se sente por meio de suas expressões. Ele é muito sorridente! Há momentos também em que o Stevão deixa nossa sala para ser atendido por uma professora de educação especial”, explica Joana.
Os coleguinhas de classe também fazem sua parte. Apesar de novos, eles compreendem as limitações de Stevão e o ajudam como podem. Depois de terminarem as atividades do dia, eles correm para a mesa de Stevão e interagem com ele.
“Normalmente, quando eles percebem que eu estou fazendo algo de pintura com o Stevão, eles elogiam e ficam felizes de ver o amigo produzindo e aprendendo”, destaca Joana.
A professora ressalta também o apoio da direção e principalmente da equipe de Atendimento Educacional Especializado (AEE) dentro da escola. Segundo ela, sem o direcionamento dos professores de educação especial o trabalho de inclusão seria muito mais difícil. “Este apoio e direcionamento é essencial para um bom trabalho”, finaliza.
Ciberia // Razões para Acreditar