Gustavo Santos, um dos suspeitos de ter invadido contas do aplicativo de mensagens Telegram de autoridades, contou nesta quarta-feira à Polícia Federal (PF) que outro investigado, Walter Delgatti Neto, lhe disse que pretendia vender ao PT conversas interceptadas do ministro da Justiça, Sergio Moro.
O conteúdo do depoimento à PF foi revelado a jornalistas pelo advogado de Santos, Ariovaldo Moreira. “O Walter disse (a Gustavo Santos) que a intenção seria vender ao PT. Meu cliente não sabe se ele (realmente) vendeu ou não, se entregou de graça para alguém, meu cliente não sabe”, disse Moreira.
Santos, que é amigo antigo de Delgatti, nega que tenha participado da invasão de contas de Telegram de autoridades. Segundo Moreira, seu cliente estava afastado de Delgatti, após ele próprio ter sido hackeado pelo amigo. Delgatti, então, teria mostrado as mensagens no seu computador, por meio de uma ligação de vídeo com Santos, numa possível tentativa de reaproximação.
Moro reportou à PF uma tentativa de invasão do seu celular em 4 de junho. Já os procuradores da Lava Jato em Curitiba notaram ação semelhante em abril, segundo a polícia. Santos, Delgatti e mais duas pessoas foram presas provisoriamente na terça, suspeitos de formar uma organização criminosa.
A polícia não apresentou, até o momento, evidências que confirmem ou descartem que a atuação do grupo tenha relação com as conversas que vêm sendo reveladas desde 9 de junho pelo site The Intercept Brasil, envolvendo Moro, o chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e outros procuradores. Caso os diálogos sejam verdadeiros, indicam uma atuação ilegal de Moro a favor da acusação nos casos da Lava Jato.
No Twitter, no entanto, o atual ministro da Justiça relacionou as prisões desta terça-feira com as mensagens divulgadas pelo Intercept Brasil. “Parabenizo a Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o MPF e a Justiça Federal. Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias espécies de crimes. Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime”, escreveu.
O Intercept Brasil diz que recebeu o conteúdo de uma fonte anônima, semanas antes do dia 4 de junho, quando Moro reportou a invasão. Todas as conversas divulgadas até agora envolvem Dallagnol, indicando que o material em posse do site veio da conta de Telegram do procurador.
// BBC