Temperatura média ultrapassou em 0,04ºC o recorde anterior de 2016. Mês foi marcado por ondas de calor na Europa e incêndios florestais sem precedentes na Sibéria e no Alasca.
Julho de 2019 foi o mês mais quente já registrado no mundo e este ano está a caminho de ser o mais quente da história, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelo serviço europeu Copernicus sobre mudança climática.
“O mês de julho é geralmente o mais quente do ano no mundo, mas de acordo com os nossos dados o último também foi o mês mais quente já registrado globalmente“, afirmou o responsável pelo Copernicus, Jean-Noël Thépaut, em comunicado.
Ele acrescentou que “com a continuação das emissões de gases de efeito de estufa e o impacto global das temperaturas, os recordes continuarão a ser quebrados no futuro”.
O mês foi marcado por ondas de calor que atingiram a Europa e com temperaturas excepcionalmente altas ao redor do Círculo Ártico. Além disso, incêndios sem precedentes devastaram partes da Sibéria e do Alasca, liberando mais de 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera entre junho e julho.
Recordes de temperatura foram quebrados em diversos países europeus, como a Alemanha, Bélgica ou Holanda. Em Paris, por exemplo, os termômetros marcaram 42,6°C, a temperatura mais alta já registrada na capital francesa, ultrapassando o recorde anterior de 40,4°C alcançado em 1947.
Em comparação com o período entre 1981 e 2010, as temperaturas médias de julho ficaram acima do normal no Alasca, Groenlândia e partes da Sibéria, bem como na Ásia Central e partes da Antártida. As temperaturas na África e Austrália também ficaram acima da média.
Segundo dados do Copernicus, o mês de julho foi 0,04ºC mais quente do que o recorde anterior: de julho de 2016, ano marcado pela influência do fenômeno atmosférico-oceânico El Niño, que tende a elevar as temperaturas.
O Copernicus acrescentou que a temperatura em julho de 2019 foi 0,56ºC acima da média do período entre 1981 e 2000, quase 1,2ºC acima do nível pré-industrial, a linha de base dos especialistas em clima das Nações Unidas.
“Sempre houve verões quentes, mas este não é o verão da nossa juventude, não é o verão dos nossos avós”, comentou, há alguns dias, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) estima que 2019 fique entre os cinco anos mais quentes já registrados. “Julho reescreveu a história climática com dezenas de recordes de temperatura local, nacional e global”, afirmou o secretário-geral da agência, Petteri Taalas, num comunicado e destacou que o aquecimento global é o responsável por essa mudança.
Segundo o Copernicus, todos os meses do ano ficaram entre os mais quentes já registrados para o período, com junho e julho batendo recordes. A medição das temperaturas teve início por volta de 1880.
Em comunicado, o serviço europeu apontou, no entanto, que o aumento de temperatura média para julho foi tão pequeno que é possível que outras organizações que analisam dados com outros métodos, não cheguem à mesma conclusão. A Agência Atmosférica dos Estados Unidos ainda não publicou as suas conclusões para o mês.
Apenas um ano do século 21 não está entre os mais quentes já registrados. Cientistas apontam o aquecimento global impulsionado pela ação humana para justificar essa mudança.