Penas vão de dois a três anos e meio de prisão. Denominação é ilegal na Rússia desde 2017, vista pela Igreja Ortodoxa, com apoio de Putin, como “seita estrangeira que mina instituições estatais”. Advogados vão recorrer.
Um tribunal da Rússia sentenciou seis membros do movimento Testemunhas de Jeová por pertenceram a uma “organização extremista“. Há dois anos a denominação cristã fundada nos Estados Unidos é ilegal no país.
Segundo agências de notícias, a corte regional da cidade de Satatov, no oeste russo, condenou na quinta-feira (19/09) os ativistas religiosos a penas de dois a três anos e meio de prisão, considerando-os culpados de atividades extremistas “continuadas”. Além disso, os seis estão proibidos de exercer cargos de liderança nos próximos cinco anos.
Em 2017, o Supremo Tribunal da Rússia declarou ilegal o movimento milenarista e restauracionista. A Igreja Ortodoxa Russa, aliada do presidente Vladimir Putin, o classifica como uma seita estrangeira que mina as instituições estatais. Por outro lado, consta que o chefe de Estado frisou que seus integrantes não devem ser vistos como terroristas.
Os advogados dos seis condenados pretendem recorrer das sentenças, informou o porta-voz do grupo, Jarrod Lopes, baseado nos EUA, segundo quem as prisões se fundamentaram na falácia de que a fé em Deus seja uma atividade extremista.
Na opinião de Rachel Denber, da ONG pelos direitos humanos sediada em Nova York Human Rights Watch (HRW), os homens foram encarcerados sem nenhum motivo. Lopes acrescentou que, citando a Bíblia, os sentenciados afirmaram ao tribunal não abrigar qualquer animosidade.
Estima-se que, dos cerca de 8,5 milhões de testemunhas de Jeová no mundo inteiro, 170 mil vivam na Rússia. Autoproclamados praticantes de um “cristianismo primitivo”, estritamente baseado na Bíblia, eles rejeitam aspectos da vida moderna como o serviço militar e transfusões de sangue.
Em maio, a Justiça russa condenou um dinamarquês a seis anos de prisão por associação com o Testemunhas de Jeová. O movimento afirma que mais de 250 de seus integrantes respondem atualmente a processo na Rússia, estando 41 detidos e 23 outros em prisão domiciliar.