Segundo um novo estudo do ASTRO 3D (Centro de Excelência ARC para Todas as Astrofísicas, um esforço colaborativo da Austrália), ocorreu uma explosão de energia próximo ao buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia há 3,5 milhões de anos, enviando um jato de radiação pela Via Láctea e pelo espaço ao redor.
O fenômeno é chamado de “explosão de Seyfert”. A detonação criou dois enormes “cones de ionização” que começaram com um diâmetro relativamente pequeno perto do buraco negro e foram expandindo-se pela galáxia.
Tal explosão tão grande só pode ter sido desencadeada por algo muito poderoso, como a atividade nuclear associada ao buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia: o Sagittarius A*, que é cerca de 4,2 milhões de vezes mais massivo do que o sol.
Para chegar à essa conclusão, os cientistas da ASTRO 3D tiveram a colaboração de colegas da Universidade Nacional da Austrália e da Universidade de Sydney, além da Universidade da Carolina do Norte, da Universidade do Colorado e do Instituto de Ciência do Telescópio Espacial em Baltimore (EUA).
Utilizando dados do Telescópio Espacial Hubble, os pesquisadores determinaram que a explosão durou 300.000 anos e aconteceu pouco mais de três milhões de anos atrás.
Caso você tenha reparado no título desse artigo (o que certamente fez), pode estar pensando: “Fui enganado, isso ocorreu MUITO tempo atrás!”.
Acontece que, em termos galácticos, três milhões de anos não é nada. A título de comparação, nessa época já se haviam passado 63 milhões de anos do asteroide que extinguiu os dinossauros na Terra.
“Este é um evento dramático que aconteceu alguns milhões de anos atrás na história da Via Láctea. Uma explosão maciça de energia e radiação veio diretamente do centro galáctico para o material circundante. Isso mostra que o centro da Via Láctea é um lugar muito mais dinâmico do que havíamos pensado anteriormente. É uma sorte que não moremos lá”, afirmou Lisa Kewley, diretora da ASTRO 3D.
O estudo mostra quão pouco sabemos sobre nossa própria galáxia.
“Esses resultados mudam dramaticamente nossa compreensão da Via Láctea. Sempre pensamos em nossa galáxia como uma galáxia inativa, com um centro não tão brilhante. Esses novos resultados abrem a possibilidade de uma reinterpretação completa de sua evolução e natureza. O evento que ocorreu três milhões de anos atrás foi tão poderoso que teve consequências no entorno de nossa galáxia. Somos testemunhas do despertar da Bela Adormecida”, disse outra pesquisadora do estudo, Magda Guglielmo, da Universidade de Sydney.
Um artigo sobre o estudo será publicado na revista científica The Astrophysical Journal e pode ser lido aqui.
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