Em uma reunião realizada nesta quinta-feira (23) em Genebra, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, descartou, por enquanto, lançar um alerta de urgência internacional contra o coronavírus que se espalha na China.
O diretor-geral da OMS justificou essa decisão pelo fato de não ter havido, até o momento, nenhuma contaminação entre pacientes fora do país asiático e pelas medidas drásticas de quarentena adotadas pelas autoridades chinesas, para limitar ao máximo o risco de novos contágios. Segundo a OMS, ainda é cedo para recomendar medidas de restrição de viagens ou de transporte de mercadorias no comércio internacional.
A China confinou nesta quinta-feira cerca de 20 milhões de pessoas na região de Wuhan, onde surgiu o coronavírus responsável por uma nova forma de pneumonia. O micróbio se espalhou em várias cidades chinesas, na última semana, e chegou a outros países, como Tailância, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos, mas sempre por meio de pessoas que estiveram em Wuhan, o epicentro da doença.
Desde a notificação do primeiro caso, no final de dezembro, 18 pessoas já morreram por causa do coronavírus. Ainda não há tratamento ou vacina para a nova pneumonia, mas vários laboratórios se mobilizam para combater a doença.
Coalizão anuncia que fará testes com nova vacina
A Coalizão para Inovações em Preparação de Epidemias (Cepi), um organismo de desenvolvimento de vacinas, anunciou nesta quinta-feira (23) que pretende iniciar dentro de alguns meses os testes clínicos da primeira vacina contra o coronavírus que surgiu na China (2019-nCoV).
O diretor-executivo da Cepi, Richard Davi Hatchett, declarou durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, realizado na Suíça, ter fechado três parcerias para desenvolver vacinas contra esse novo coronavírus.
“Nosso objetivo é desenvolver essas vacinas muito rapidamente e avançar depressa para iniciar os testes clínicos, possivelmente já no verão europeu“, esclareceu o líder dessa iniciativa público-privada, lançada loga após a epidemia de Ebola, em 2017.
Hatchett disse que foram estabelecidas parcerias com duas empresas de biotecnologia norte-americanas, Inovio Pharma e Moderna, e com a Universidade de Queensland, na Austrália. A Moderna trabalha com o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos.
“A parceria anunciada hoje entre a Moderna, a Cepi e o governo americano visa um trabalho conjunto para obter uma vacina de qualidade, que possa iniciar os testes clínicos o mais rápido possível“, confirmou o diretor da Moderna, Stéphane Bancel, em Davos.
O governo americano, que obteve a sequência do vírus por intermédio do governo chinês, prepara o design e a concepção da vacina, que a Moderna irá fabricar em sua unidade de produção em Boston”, detalhou Bancel.
Mesmo se o coronavírus desaparecer até a vacina ficar pronta, o diretor da Cepi considera muito benéfico produzir a imunização.
// RFI