Um colectivo de técnicos de saúde apresentou uma queixa contra o primeiro-ministro Edouard Philippe e a antiga ministra da Saúde Agnès Buzyn. Os dois políticos sāo acusados de nāo ter tomado medidas a tempo de travar a propagação da epidemia Covid-19 em França.
Os autores da denúncia acusam Édouard Philippe e Agnès Buzyn, médica de profissāo, de se terem abstido “voluntariamente de tomar ou implementar medidas que permitissem (…) combater um sinistro natural, o que criou um perigo para a segurança das pessoas”, nomeadamente a propagaçāo da epidemia de Covid-19, punida com dois anos de prisão e uma multa de 30 000 euros.
A partir de dia 13 de Março, o governo francês tomou medidas, entre elas o confinamento generalizado da população.
O ministro da Saúde francês anunciou esta sábado, 21 de Março, mais testes e uma encomenda de 250 milhões de máscaras depois das múltiplas denúncias de falta de máscaras no país e críticas à estratégia de testar apenas pessoas de alto risco ou já hospitalizadas.
As críticas têm chegado sobretudo de organizações de médicos e outros profissionais de saúde, que denunciaram não ter os meios necessários para lutar contra o novo coronavírus, que causa a doença covid-19, mesmo em meio hospitalar.
O Presidente da Comissão de Saúde da região de Paris, Ludovic Toro, acusa o Estado francês de ter demorado a reagir.
“É preciso que as medidas sejam rápidas porque temos dois meses de atraso. As medidas implementadas na China, na Itália, na Coreia do Sul têm por base três pontos fundamentais: o confinamento, testar rapidamente todas as pessoas e as máscaras. A França falhou a fase de testes e das máscaras”, afirmou o médico generalista.
O médico francês pede ao director-geral de Saúde, Jérôme Salomon, para sair às ruas e enfrentar a realidade.
“Como é que é que um director-geral da saúde se atreve dizer que as máscaras nāo servem para nada e que temos máscaras suficientes. É preciso que ele desça da direcção e que saia para as ruas, que vá ver os médicos, enfermeiros tanto os liberais como os que trabalham nos hospitais e verá a realidade da situação“, afirmou.
Em Marselha, Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica começou hoje um ensaio clínico para lutar contra a covid-19. Trata-se de um estudo engloba quatro tratamentos experimentais, incluindo a hidroxicloroquina, utilizada no tratamento da malária, e vai envolver 800 pacientes diagnosticados com a Covid-19 e em estado grave.
“É preciso agir rápido”, lembra Ludovic Toro.
“O problema de um ensaio clínico é o tempo que demora em ser validado pelas autoridades. O problema é que nāo temos tempo. Este medicamento que conhecemos o anti-paludismo e este antibiótico que também conhecemos provocam efeitos secundários. Entre os efeitos secundários e um óbito programado prefiro os efeitos secundários, sobretudo porque os conhecemos bem”, descreve o médico.
// RFI