Plano Pró-Brasil, da Casa Civil, prevê R$ 30 bilhões de investimentos públicos em obras para tentar recuperar economia, abalada pela crise do novo coronavírus, e se opõe à agenda liberal defendida por Paulo Guedes.
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (22/04) um plano de investimentos públicos para a geração de empregos, em resposta aos impactos trazidos pela pandemia do novo coronavírus.
O chamado plano Pró-Brasil reúne ações de todos os ministérios e será coordenado pela Casa Civil. Ele prevê a criação de 1 milhão de empregos e a injeção de 30 bilhões de reais em investimentos públicos na economia. O governo não detalhou onde o dinheiro será investido. A principal frente de atuação estará no Ministério da Infraestrutura.
De acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, não se trata de um programa de governo, mas de Estado, com um universo temporal de dez anos, prevendo-se que se prolongue até 2030.
A fase de estruturação do programa será feita entre maio e julho, os detalhes de cada projeto ministerial serão apresentados em setembro, e a sua “implantação em larga escala” ocorrerá a partir de outubro, disse Braga Netto.
Apesar de Braga Netto assegurar que todos os ministros aprovaram o programa, nem o da Economia, Paulo Guedes, nem qualquer outro representante da equipe econômica estiveram presentes na apresentação do Pró-Brasil.
O plano de investimentos do Estado apresentado por Braga Netto contrasta fortemente com a agenda liberal de Guedes, que defende mais investimentos privados e atuação do mercado.
Ao ser questionado se a estratégia de recuperação do país seria semelhante ao Plano Marshall – o programa do governo dos Estados Unidos para recuperar a Europa após a Segunda Guerra Mundial –, Braga Netto disse não se tratar de um programa de recuperação econômica. “Ele é de crescimento socioeconômico. É para toda a estrutura, toda essa infraestrutura que foi, vamos dizer, abarcada, foi atingida pelo coronavírus”, explicou.
Segundo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o foco da estratégia deve estar na promoção de obras com dinheiro público e privado, como forma de gerar empregos e reativar a economia. Freitas disse que, no seu ministério, o programa prevê investimentos públicos de R$ 30 bilhões para a retoma de cerca de 70 obras que estão paralisadas, e R$ 250 bilhões em contratos de concessões à iniciativa privada.
Entretanto, declarações contrastantes dadas pelos ministros envolvidos na estratégia sinalizam que a proporção de dinheiro público e privado nos investimentos pós-pandemia ainda não está definida.
Segundo o portal de notícias G1, Guedes defendeu junto ao presidente Jair Bolsonaro que serão necessários investimentos privados para viabilizar o Pró-Brasil. Bolsonaro minimizou os questionamentos sobre a ausência de Guedes no anúncio do plano e disse o ministro estará mais envolvido na estratégia. “O ministro Paulo Guedes participou um pouquinho lá e vai participar um poucão na semana que vem”, afirmou.