Uma das coisas que o isolamento social faz conosco é evidenciar a falta que as coisas mais simples fazem em nossas vidas. Claro que sentimos falta de viajar de avião, mas o que está nos matando de saudade mesmo, é de sentar em uma mesa de bar, sem o menor distanciamento seguro, dividir aquela cerveja de litrão e passar horas discutindo de assuntos banais à teorias quânticas com os amigos.
Esta prática, no entanto, não é nem de longe contemporânea. Há mais de 1000 anos, no Peru, a civilização Wari costumava se reunir em uma montanha para confraternizar e beber, o que hoje chamamos de bar.
O povo Wari habitou boa parte do Peru entre os séculos 6 e 12, muito antes do Império Inca. Eles construíram uma malha de estradas e redes de irrigação, o que os tornou cada vez mais influentes, no entanto, eram conhecidos por resolver as coisas na base da violência, sacrificar as populações locais e expor cabeças decepadas em praça pública. Entre uma conquista e outra, eles paravam para beber umas no Cerro Baúl, que posteriormente foi onde eles também se instalaram.
No topo desse platô, eles criaram um centro de entretenimento que servia banquetes e bebida ancestral consumida até hoje em vários lugares da América Latina. Esta bebida era feita basicamente de milho e possui várias semelhanças com a cerveja que bebemos hoje.
No ano de 1050 o Cerro Baúl viu sua última festa, templos e construções foram destruídos e quase tudo foi reduzido à cinzas. No entanto, os poucos wari que sobreviveram ao massacre cobriram tudo de areia, o que preservou as ruínas para que arqueólogos pudessem descobrir este incrível capítulo da história da humanidade.
Enquanto não podemos sentar em uma mesa de bar, vamos viajando entre uma memória e outra.
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