Júpiter é um planeta cheio de mistérios, mas um dos mistérios mais intrigantes veio com as observações da sonda Juno, da NASA. Ela mostrou aos cientistas que existem ciclones gigantes que formam padrões geométricos ao redor dos polos, e ninguém sabia explicar como eles se mantinham aglomerados — até agora.
Um novo estudo pode ter solucionado o mistério, mas não sem trazer outras perguntas à tona.
Na Terra, também existem ciclones que costumam se mover para ambos os polos, mas eles não formam aglomerados, muito menos padrões permanentes. Pelo contrário, eles se dissipam na terra ou na água.
Em Júpiter, entretanto, esses dois elementos não existem, então os ciclones continuam existindo. Até aqui, nada muito estranho. Mas por que eles não continuam seguindo em direção aos polos até se fundirem?
Em Saturno, por exemplo, algo semelhante acontece, mas os ciclones não pairam ao redor dos polos formando padrões. Eles simplesmente se fundiram em um único ciclone no norte e outro no sul.
Mas em Júpiter, o que a Juno encontrou foram oito vórtices ao redor de um vórtice central no polo norte, enquanto no polo sul existem seis. Isso contraria totalmente as teorias sobre o clima nas regiões polares de planetas gigantes.
Cheng Li, cientista planetário da Universidade da Califórnia, liderou um estudo para tentar solucionar o mistério. Com seus colegas, Li desenvolveu alguns modelos computacionais usando os dados da Juno sobre o tamanho e a velocidade de cada uma das tempestades, em busca de algo que pudesse justificar os padrões geométricos e a estrutura individual dos tornados durante tanto tempo sem se fundir.
O que eles encontraram não responde todas as perguntas, mas explica algumas coisas. É que a estabilidade dos tais padrões depende em parte da profundidade dos ciclones na atmosfera do gigante gasoso. Mais importante ainda é o estranho modo como Júpiter mantém seus anéis anticiclônicos, uma espécie de invólucro de vento que gira na direção oposta à qual o ciclone em si está girando.
Quanto mais proteção os vórtices tiverem contra esses anéis anticiclones, mais os ciclones podem se afastar uns dos outros. Quando proteção nas simulações eram menores, o resultado era uma fusão.
Em outras palavras, Júpiter possui um sistema intermediário de anéis anticiclones, sem muita proteção, mas também não é pouca o suficiente para ocorrer a fusão. Por isso, o padrão se mantém como está por tanto tempo. Agora, os cientistas tentarão descobrir por que exatamente esse-meio termo acontece. “No momento, não temos ideia do que os faz permanecer neste ponto ideal”, disse Li.
Um dos primeiros passos a seguir será pesquisar para saber como esses ciclones foram parar nessa região próxima aos polos. Os cientistas ainda não sabem se eles já nasceram ali e não se deslocaram deste então, ou se eles se formaram em outro lugar e então migraram para os polos.
A equipe de Li tem um palpite: eles afirmam que a segunda opção é a mais provável.
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