Comer em um rodízio de japonês pode soar como uma ótima ideia para quem gosta das iguarias orientais. O que muita gente não sabe é que o salmão comprado como matéria prima em restaurantes do tipo por aqui não tem nada de asiático: ele é criado em cativeiros no Chile, ambientes que estão cada vez mais prejudicando os ecossistemas locais.
O salmão que costumamos comer no Brasil não é silvestre. Ou seja, ele não se desenvolve de forma livre e é pescado. Ele é criado em cativeiro, à base de muita ração e antibióticos. Os animais costumam ficar presos em gaiolas presas na costa chilena enquanto se desenvolvem, antes de serem comercializados.
A prática tem se tornado cada vez mais preocupante por uma série de motivos.
O primeiro deles é que os resíduos, corantes e produtos químicos usados nos criadouros (conhecidos como “salmoneras”) estão, aos poucos, destruindo fauna e flora submarinas locais. Além disso, uma enorme quantidade desses salmões acabam escapando de suas gaiolas e fogem para águas abertas, onde acabam se alimentando de peixes nativos e prejudicando até mesmo a existência de algumas espécies.
“Tem rio aqui que já não tem outro peixe que não seja salmão”, conta Alex Muñoz, advogado ambientalista, em entrevista ao “Uol”. Ele tenta impedir a degradação ambiental causada pelas salmoneras no Chile.
O vizinho sul-americano é o segundo maior produtor mundial de salmão, atrás apenas da Noruega. A região da Patagônia é responsável pela produção de cerca de 800 mil toneladas anuais do peixe.
“É enorme a quantidade de contaminação que se lança ao mar. Ela cobre corais, algas, crustáceos, estrelas-do-mar deixando um deserto embaixo d’água. São montanhas de resíduos, que degradam todo o entorno”, diz. “Quando as pessoas comem salmão no Brasil, devem saber que esse peixe foi produzido com grande impacto ambiental e social.”
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