O país, o mais atingido pela epidemia no mundo, espera vacinar sua população 24 horas após a concessão da autorização de emergência pelo FDA, a agência americana reguladora de medicamentos. A reunião pública de seu comitê de vacinas, para analisar o pedido, será realizada em 10 de dezembro.
O laboratório americano Pfizer e a parceira alemã BioNTech pediram a aprovação da vacina na sexta-feira (20). Diante do avanço da Covid-19, que contaminou mais de 12 milhões de pessoas no país, os Estados Unidos devem iniciar um programa de vacinação no início de dezembro. A expectativa é que a imunidade coletiva seja alcançada em maio.
O pedido da Pfizer/BioNTech foi feito há vários dias, após a divulgação dos resultados do teste clínico iniciado em julho com 44.000 voluntários em vários países. Os resultados mostraram que a vacina teria uma eficácia de 95% contra a covid-19, sem efeitos colaterais graves.
A decisão de autorizar ou não a vacina, porém, dependerá dos cientistas da FDA e o aval poderá ser dado na primeira quinzena de dezembro. “Nosso plano é poder enviar as vacinas aos locais de vacinação dentro das 24 horas posteriores à aprovação” pela FDA, disse Moncef Slaoui, chefe da agência, à CNN.
O alto funcionário também disse que espera que, assim que lançada a campanha de vacinação em massa, o país possa alcançar a “imunidade coletiva” em maio.
“Normalmente, com o nível de eficácia que temos (95%), imunizar aproximadamente 70% da população geraria uma verdadeira imunidade coletiva. Provavelmente acontecerá em maio, ou perto disso, dependendo de nossos planos”, disse.
Os Estados Unidos são o país mais afetado pelo vírus em termos absolutos, com 255.800 mortes por Covid-19. A epidemia está fora de controle e o número de novos casos diários está disparando (quase 164.000 no sábado). O número total de contágios supera os 12 milhões, segundo a Universidade Johns Hopkins.
Tratamentos
Outro motivo esperançoso para os americanos é a autorização de um tratamento da empresa Regeneron, usado pelo presidente Donald Trump. “Autorizar esses tratamentos com anticorpos monoclonais pode ajudar os pacientes ambulatoriais a evitar a hospitalização e aliviar a carga de nosso sistema de saúde”, afirmou no sábado Stephen Hahn, comissário da FDA.
O presidente da Regeneron, Leonard Schleifer, acredita que a decisão representa “um importante passo na luta contra a Covid-19, já que os pacientes de alto risco nos Estados Unidos terão acesso a um tratamento promissor durante o estado inicial da infecção”.
De acordo com a FDA, o tratamento com REGEN-CoV2, uma combinação de dois anticorpos fabricados em laboratório, reduz as hospitalizações ou visitas às salas de emergência de pacientes infectados pela Covid-19 com doenças secundárias ou “comorbidades”.
Esses anticorpos imitam a maneira de agir do sistema imunológico depois de contrair a Covid-19, bloqueando a ponta do vírus, a proteína Spike, que o permite penetrar nas células.
A Regeneron recebeu mais de US$ 450 milhões em investimento do governo americano para o desenvolvimento de tratamentos para lutar contra a Covid-19 como parte da operação “Warp Speed”, criada por Donald Trump para imunizar a população americana o quanto antes.
Itália lança campanha em janeiro
A Itália, onde a pandemia matou mais de 48.000 pessoas, lançará uma “campanha de vacinação sem precedentes” no final de janeiro, começando com os cidadãos mais expostos à pandemia, anunciou o ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, no sábado.
A Covid-19 já matou pelo menos 1.381.000 pessoas em todo o mundo desde dezembro de 2019. Mais de 58 milhões de casos foram oficialmente registrados em todo o mundo.
Na Europa, as restrições impostas à população em muitos países para lidar com a segunda onda da epidemia estão começando a surtir efeito. Na França, onde o número de novos casos, mortes e internações em terapia intensiva está diminuindo, as autoridades acreditam que o pico da segunda onda foi ultrapassado. Em Paris, a campanha de vacinação pode começar em janeiro.
O governo britânico confirmou no sábado que o isolamento de quatro semanas na Inglaterra não se estenderá além de 2 de dezembro, quando voltará a um sistema de restrições locais. Já Portugal decidiu no sábado “reforçar” as restrições para conter a epidemia, principalmente com o fechamento de escolas e repartições públicas na segunda-feira 30 de novembro e em 7 de dezembro, ambas datas vésperas de feriados.
A pandemia também esteve no centro das discussões da cúpula virtual do G20, que começou no sábado em Riade. Os líderes mundiais prometeram no domingo “não poupar esforços” para garantir o acesso equitativo às vacinas covid-19, embora tenham anunciado poucas medidas concretas.
“Apoiamos totalmente todos os esforços de colaboração”, afirmaram na declaração final da cúpula, referindo-se aos mecanismos de combate ao vírus coordenados pela OMS. Eles também se comprometeram a “atender às necessidades financeiras globais restantes”, como as dos países pobres cujas economias foram devastadas pela crise sanitária.
// RFI