O nome artístico dele é Odrus, surdo ao contrário, um artista brasileiro que irá representar o país na França com sua arte: o graffiti. Ele foi convidado pelo Festival Clin d’Oeil para dar uma oficina de graffiti para surdos de Paris de 6 a 9 de julho. Orgulho? Demais!
“É uma sensação boa poder mostrar o valor que a arte e cultura surda possui, além de contribuir um pouco com o crescimento dela. Aqui no Brasil a arte, de forma geral, não é muito valorizada. E é muito importante termos reconhecimento enquanto artistas”, disse Odrus ao Só Notícia Boa.
“Vai ser apertado, mas eu vou”, garantiu antes de embarcar, neste fim de semana.
Odrus, cujo nome na carteira de identidade é Rafael Santos, vive em Planaltina, a 40 quilômetros de Brasília. Sem dinheiro para a viagem, ele abriu um financiamento coletivo pra arrecadar R$ 2 mil. Arrecadou menos da metade, mas vai assim mesmo.
Aos 34 anos, a vida de Odrus já deu várias reviravoltas. O primeiro obstáculo foi ter nascido com surdez profunda. Na escola, a exclusão pela falta de intérprete de libras. Depois, cercado por más companhias, se envolveu com roubos e assaltos: “É passado”, diz ele querendo esquecer.
Foi então que o mundo ficou mais colorido: o graffiti entrou na vida dele.
Rafael estava no Conic, um espaço alternativo no centro de Brasília, quando viu os colegas lendo uma revista de graffiti. Ele conta que ficou encantado com a cores nas ruas, nos muros e quis fazer isso na cidade dele na época, Santa Maria, a 35 quilômetros de Brasília.
Daí pra frente, Rafael foi autodidata.
Ele aprendeu sozinho, treinando os desenhos em casa e aprendendo as técnicas em uma lan house. “O grafite mudou a minha vida, a arte tem um potencial transformador na vida de jovens periféricos. Eu me apaixonei instantaneamente. Gosto dessa coisa de ser arte de rua, arte do povo. É mais democrático e inclusivo“, diz.
Ele divulga seu trabalho através de sua página no Flickr.