O presidente russo deve ser vacinado amanhã contra a Covid-19 e afirmou não forçar ninguém a fazer o que quer que seja, mas interroga-se sobre os interesses defendidos por entidades europeias deixando a entender que os interesses dos cidadãos poderiam não estar a falar tão alto como os de empresas farmacêuticas.
Vladimir Putin comentava, assim, as declarações do comissário europeu do mercado interno, o francês Thierry Breton, para o qual a imunidade colectiva poderia ser alcançada em Julho no velho continente pelo que a União prescindiria da vacina russa Sputnik V.
“A Sputnik V é mais uma vacina. Aquilo com que contamos são 350 milhões de doses. O que é muito complicado é obter o aumento da velocidade de fabrico”, disse Breton.
“Doravante isso já está a ocorrer. Ou seja não só não precisamos da Sputnik V, nem de nenhuma outra vacina. O que precisamos é que aquelas com que contamos sejam produzidas de forma massiva”.
“Os russos têm uma dificuldade enorme a produzir a Sputnik V, talvez seja necessário ajudá-los. Isso é algo para vermos no segundo semestre do ano. Nesse caso, porque não fornecer-lhes uma ou duas fábricas para o efeito?”, questionou.
“Mas, por enquanto, prioridade aos europeus, porque o meu objectivo é a 14 de Julho termos a possibilidade de atingirmos a imunidade ao nível do continente. Esta é a recta final para lá chegarmos”, disse ainda.
A Hungria, a Eslováquia e a República Checa, essas, não aguardaram sequer por um hipotético sinal verde de Bruxelas e, devido aos atrasos nas entregas das poucas vacinas disponíveis (3 actualmente na Europa: Pfizer/BioNTech, Moderna e AstraZeneca) acabaram por encomendar aos russos da Sputnik V a dita vacina.
Por ora a Agência europeia de medicamentos está, porém, a analisar o dossier. Enquanto os europeus parecem hesitar, a revista científica The Lancet tinha confirmado no mês passado a eficácia da vacina russa.
A Rússia, para além da Sputnik V, estaria já na posse de outras duas vacinas contra a Covid-19.
Já nesta segunda-feira o presidente russo, Vladimir Putin, falou ao telefone com o presidente do Conselho europeu, Charles Michel, tendo-se demonstrado agastado com a posição de Bruxelas em relação a Moscovo que qualificou como sendo “conflituosa”.
O Kremlin, a meados deste mês, tinha insinuado que tanto Bruxelas como Washington faziam campanha junto de países terceiros, caso do Brasil, para que estes não utilizassem a vacina Sputnik V.
// RFI