Covid-19: Mulheres ficam imunizadas por mais tempo depois de infectadas, diz estudo francês

Simone Venezia / EPA

Um estudo francês, realizado pelo Instituto Pasteur, com o Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM) e hospitais de Estrasburgo (leste do país), publicado no Journal of Infectious Diseases, mostra que as mulheres perderiam anticorpos com menos rapidez do que os homens, após terem enfrentado o coronavírus.

Já havia sido observado em hospitais que mulheres tinham menos probabilidade de sofrer de formas graves da Covid-19. Agora, tudo leva a crer que elas também ficam protegidas por mais tempo depois de contrair o vírus, observa o jornal francês Le Parisien, com base em um estudo realizado pelo Instituto Pasteur, o Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM) e hospitais de Estrasburgo, no leste do país.

As conclusões do estudo foram publicadas no Journal of Infectious Diseases. Os pesquisadores explicam que o gênero – mulher ou homem – parece influenciar na diminuição do nível de anticorpos que se formam quando o corpo luta contra o vírus, que depois o protege contra uma nova infecção.

“O nível de anticorpos presentes nas mulheres da amostra que acompanhamos diminui muito menos rapidamente do que nos homens”, resume Samira Fafi-Kremer, diretora do Instituto de Virologia do Hospital Universitário de Estrasburgo, que se encontra na origem deste estudo.

Mesmo nível de anticorpos seis meses depois

Para chegar a este resultado, foram estudados os casos de cerca de 400 cuidadores e pessoal administrativo dos hospitais de Estrasburgo, que haviam sido infectados sem a forma grave da doença no final de março de 2020. A cada três meses foram realizados testes sorológicos, que permitiram saber se eles desenvolveram anticorpos contra o coronavírus.

Embora os homens desenvolvam mais anticorpos no início, eles os perdem rapidamente. Em contrapartida, depois de seis meses, 38% das mulheres ainda têm o mesmo nível de anticorpos do começo: “Seis meses depois de adoecer, 38% das mulheres não perderam os anticorpos, contra 8% dos homens”, detalha a pesquisadora.

Agora é chegada a hora de analisar o nível de anticorpos de nove meses e um ano após a infecção. “Sabemos que os anticorpos têm uma tendência natural de diminuir. Essa pesquisa adicional nos permitirá ver se esses resultados diferentes entre mulheres e homens se prolongam com o tempo”, explica o professor Olivier Schwartz, chefe do departamento de Vírus e Imunidade do Instituto Pasteur, coautor do estudo.

Hormônios e genética

Dois fatores explicam essa possível proteção imunológica maior em mulheres: hormônios e genética. “Os hormônios sexuais femininos têm a capacidade de estimular melhor a resposta imune. Além disso, o cromossomo X, envolvido na resposta imune, está presente duas vezes nas mulheres, enquanto os homens são XY”, diz Samira Fafi-Kremer.

Este trabalho parece confirmar o que já havia sido observado em hospitais, com a maioria dos homens internados, principalmente em unidades de terapia intensiva, e com maior mortalidade masculina.

Segundo os cientistas, essa proteção permite combater a variante britânica do vírus, mas é menos eficaz contra as variantes da África do Sul e do Brasil. Em qualquer caso, espera-se que os resultados forneçam uma ideia sobre a eficácia das vacinas.

// RFI

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