A famosa caixa de papelão para bebês da Finlândia vai mudar de nome

(dr) Kela

Grande maioria das finlandesas opta por receber a caixa e seus produtos, em vez de uma compensação em dinheiro

Entregue gratuitamente pelo governo a todas as famílias de recém-nascidos, a caixa de papelão recheada de produtos para bebês se tornou um símbolo da igualdade na Finlândia e foi copiada em diversas partes do mundo.

A caixa, que é parte de uma política social que completa 80 anos no país nórdico, contém produtos usados nos primeiros meses dos bebês – roupas, fraldas, itens de higiene, livro e até brinquedos de morder -, serve também como berço, já que vem com um pequeno colchão.

Por esse motivo, a agência estatal Kela, responsável pela distribuição das caixas, decidiu lançar um desafio aos finlandeses.

Devemos mudar o nome da caixa, conhecida como Kit de Maternidade?”, questiona a Kela em seu site. “Será que esse nome discrimina os pais? Ou é um nome tão bom que não devemos substituí-lo?”

Enquanto a agência pede ao público sugestões de nomes alternativos para a caixa, o assunto gera um acalorado debate nas redes sociais.

Na página de Facebook do jornal Ilta-Sanomat, alguns leitores afirmam que mudar o nome seria “um desperdício de tempo e dinheiro”. Outros, porém, sugerem mudanças para nomes como “kit de bebê“, “kit de família” e até “kit de consequências pós-sexo”.

(dr) Milla Kontkanen

A caixa tem um colchão, para ser transformada em berço

Caixa ou dinheiro

As mães finlandesas podem escolher entre receber a caixa ou uma quantia em dinheiro, equivalente a cerca de R$ 650. Mas mais de 90% das mulheres optam pela caixa. A tradição começou em 1938, voltada a famílias sem recursos, e se generalizou em 1949.

A caixa teve um papel importante na redução da mortalidade infantil e no bem-estar dos bebês finlandeses, segundo observadores.

Isso porque, inicialmente, ela só era entregue às mães depois de uma visita médica, o que ajudou a aumentar o acesso das mães ao sistema de saúde finlandês nas décadas de 1930 e 40.

A ministra de Família da Finlândia, Annika Saarikko, disse ao Ilta-Sanomat que a ideia de mudar o nome da caixa surgiu ao debater-se um aumento de verbas para a iniciativa. “Uma mudança de nome certamente agradaria muitos pais”, afirmou a ministra.

Saarikko agregou que a ênfase será posta não necessariamente na igualdade de gênero, mas sim na família. “Todos sentem alegria ao receber a caixa, inclusive o pai. Por isso pensamos na mudança de nome.”

Mas as declarações de Saarikko geraram polêmica, em um país em que muitas crianças não necessariamente nascem em uma típica família nuclear.

O que você quer dizer com kit da família?”, disse um usuário em um comentário popular. “Nem todas as mães sequer têm uma família antes de o bebê nascer.”

// BBC

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