FAO, Ifad e PMA querem manter compromisso do Fome Zero, lançado pelo secretário-geral da ONU em 2012; diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação fala à Rádio ONU sobre as implicações da mudança climática à segurança alimentar.
Três agências da ONU se reuniram para confirmar o compromisso de erradicar a fome no mundo até 2030. A iniciativa Fome Zero foi anunciada pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em 2012.
Numa reunião em Nova York, representantes da ONU e da sociedade civil renovaram suas iniciativas de alcançar a meta como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs.
Fatos consumados
Em entrevista à Rádio ONU, o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, José Graziano da Silva, disse que o impacto é ainda mais severo nos países mais pobres.
“Eu acho que o que nós vimos, neste dois últimos anos, principalmente com El Niño desvastando particularmente o leste e o sudeste da África foi aterrador. Progresso de 10 anos foi perdido num espaço de um ano. Nós não podemos continuar assim. E nós não podemos reagir aos fatos consumados. Nós temos que encontrar maneira de antencipar.”
Durante o encontro, José Graziano da Silva lembrou que a iniciativa do Fome Zero nasceu no Brasil e foi adotada e adaptada a países em todo o mundo. Para ele, esta é uma tarefa não só de governos, mas do setor privado, da sociedade civil, dos pequenos agricultores, de todos.
Movimento
No evento paralelo aos debates da Assembleia Geral, estavam também a chefe do Programa Mundial de Alimentos, Ertharin Cousin, e o presidente de Gana, John Mahama.
Cousin afirmou que o pedido de união das agências na luta contra a fome partiu do líder da ONU, Ban Ki-moon, que pediu aos chefes do PMA, do Ifad e da FAO que formassem um verdadeiro movimento para erradicar o desafio, que afeta hoje 800 milhões de pessoas em todo o mundo.
Já o presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, Ifad, Kanayo F. Nwanze, disse que é preciso voltar a atenção para as áreas rurais que concentram as pessoas mais pobres e famintas do mundo.
Para José Graziano da Silva, é preciso ainda trabalhar com doadores para responder a situações inesperadas como aconteceu há alguns anos, no nordeste do Brasil que enfrentou enchentes após um período de seca.
Fome zero emergencial
“Estamos fazendo um apelo hoje principalmente aos doadores. Estamos pondo em marcha o que eu chamo de um programa fome zero emergencial, que foi testado a primeira vez no nordeste brasileiro em 2003. Numa condição muito similar. O nordeste vinha de três anos de seca e estava se preparando para enfrentar fortes chuvas.”
José Graziano da Silva participou de vários eventos paralelos durante a Assembleia Geral incluindo um encontro de alto nível sobre resistência antimicrobiana que também contou com a participação da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margaret Chan.
// Rádio ONU