Ao observar a parte visível da Lua, os planetólogos conseguiram, pela primeira vez, seguir como as moléculas de água “viajam” de uma região do satélite para outra.
Os novos dados foram obtidos pela sonda LRO da NASA e publicados, junto com as conclusões dos cientistas, na revista Geophysical Research Letters.
“Para nós foi extremamente difícil medir a quantidade de água na superfície da Lua porque a luz a reflete de modo estranho. Ademais, no passado nossos colegas registraram grandes quantidades de líquido ‘migrando’ pela superfície lunar, o que não pode ser explicado por quaisquer processos físicos”, revela Michael Poston, geólogo da NASA.
Acredita-se que as condições na Lua impedem o acúmulo e a preservação de grandes reservas de água. A ausência de atmosfera e a fraca gravidade tornam impossível a existência de moléculas de água na forma líquida ou gasosa, enquanto o gelo na superfície lunar se evapora gradualmente sob a ação do vento solar. No entanto, várias missões lunares conseguiram provar que o satélite da Terra possui água.
Poston e seus colegas resolveram essas contradições observando como as moléculas de água presentes na camada próxima do solo “se desprendem” da superfície do satélite durante a parte mais quente do dia lunar. Algumas delas “se movem” para as áreas mais escuras da Lua, enquanto outras desaparecem no espaço.
De acordo com Poston, os cientistas estavam interessados em uma característica deste processo: em que proporção o número de moléculas de água na superfície da Lua se altera quando esta fica na “sombra” da Terra, ou seja, quando o fluxo de partículas emitidas pelo Sol é significativamente menor? Se a teoria da influência “solar” na água da Lua estiver correta, então a proporção de água deve diminuir depois de cada eclipse “terrestre”.
Essas observações mostraram várias coisas interessantes que os cientistas anteriormente não previam. Primeiro, descobriu-se que a fonte dessa umidade não eram cristais de gelo microscópicos nas camadas superficiais do solo ou depósitos mais profundos e antigos. Eram grãos de poeira que absorviam diretamente as moléculas de água e as liberavam quando aqueciam.
Em segundo lugar, o seu número acabou por ser um pouco menor do que anteriormente julgavam os cientistas, o que torna possível explicar a presença de água no solo da Lua sem recorrer a explicações exóticas.
Além disso, o detector de água LAMP instalado a bordo da sonda LRO não registrou quaisquer alterações na proporção de suas moléculas após a ocorrência de “eclipses”, o que lança dúvidas sobre o papel significativo do vento solar na formação de reservas de umidade lunar.
Desta maneira, a ausência de grandes diferenças sugere que a água não “escapa” da Lua em tanta quantidade como os defensores dessa teoria haviam acreditado anteriormente, apontando para um possível mecanismo de acumulação no solo do nosso satélite. Os cientistas consideram que essas informações serão importantes na hora de escolher um lugar e construir futuras colônias permanentes na superfície lunar.
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