Da “jacuzzi do desespero” no fundo do mar, (quase) nenhuma criatura sai viva

O local é chamado de “jacuzzi do desespero”. Isto porque sua água é tão salgada que mata quase todas as criaturas que têm a infelicidade de parar por lá. Trata-se de um lago de salmoura que foi descoberto no fundo do mar, no Golfo do México.

A piscina circular com cerca de 30 metros de diâmetro e 3,6 metros de profundidade fica situada a mais de mil metros abaixo da superfície do Golfo do México, informam os pesquisadores que efetuaram a descoberta em um artigo científico na Oceanography.

Segundo o Seeker.com, a água dessa “jacuzzi do desespero”, que pode ser a chave para encontrar vida em outros planetas, é “quatro ou cinco vezes mais salgada que a água do mar circundante”.

“A salmoura é tão densa que fica assentada no fundo, formando um caldeirão subterrâneo de químicos tóxicos que incluem gás metano e sulfato de hidrogênio que não se mistura com a água do mar circundante”, destaca a publicação.

O lago de sal se formou à medida que “a água do mar se infiltrava nas brechas no fundo do mar, misturada com as formações de sal subterrâneas da região”, e que o gás metano era drenado.

Uma descoberta de outro mundo

Tudo começou há entre 200 a 145,5 milhões de anos, no período Jurássico, com “um mar superficial no local do atual Golfo do México”, como destaca o IFLScience.

Com a movimentação das placas tectônicas, “o mar foi eventualmente separado do resto do oceano” e, “em um mundo incrivelmente quente“, começou a evaporar, deixando para trás “uma massa de sal”.

“O mar interior evaporado” acabou sendo inundado, ficando novamente ligado aos oceanos. Mas, nesta época, “vastas camadas de sal, com vários quilômetros de espessura, já tinham sido cobertas por sedimentos insolúveis”, divulga o site.

“Extraordinariamente, à medida que o peso da água do mar esmagou este sal, uma parte dele foi forçado a voltar para o fundo marinho através de um processo chamado “tectônicas de sal”. O sal acabou “interagindo com a água do mar, se dissolveu e formou nuvens de salmoura que se instalaram no fundo do mar”.

Foi a partir daí que a “piscina morta” surgiu e “é uma das coisas mais espantosas no fundo do mar”, como refere o cientista que descobriu o local, Erik Cordes.

“Vai-se até o fundo do oceano e se vê um lago ou um rio fluindo. Parece que não estamos neste mundo”, nota o professor de Biologia na Universidade Temple, na Filadélfia, nos EUA.

Mexilhões gigantes que se alimentam de gases nocivos

As primeiras imagens do lago foram obtidas em 2014, graças a um robô subaquático operado remotamente. Mas depois foi possível estudar mais de perto a salmoura com um minissubmarino que podia transportar três pessoas. Dois cientistas e o piloto do submergível demoraram quase uma hora para descer até o fundo do mar.

Quando chegaram lá, encontraram nas bordas da “piscina morta” carcaças de caranguejos de águas profundas, que foram pegos na “armadilha” da salmoura quando procuravam comida.

Eles também descobriram “mexilhões gigantes com as brânquias impregnadas de bactérias simbióticas”  que conseguem “sobreviver se alimentando dos gases nocivos” que existem no lago de salmoura, como explica o IFLScience.

A piscina está coberta por “um tapete vivo de bactérias e de depósitos de sal” e cercada por gás metano. As amostras retiradas do gás denso e da água permitiram detectar vida microbiana que se adaptou à alta salinidade e aos baixos níveis de oxigênio.

Erik Cordes acredita que as criaturas podem se parecer com formas de vida em outros planetas do nosso sistema solar ou de outros mundos. “Há muitas pessoas olhando para estes habitats extremos na Terra como modelos para o que poderemos descobrir quando formos para outros planetas”, conclui o cientista.

Ciberia // Z

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