O presidente dos EUA explicou que a decisão de demitir o diretor do FBI está relacionada com o caso dos e-mails da antiga rival Hillary Clinton. No entanto, há quem compare a atitude de Trump com a de Nixon, que deu origem ao famoso caso Watergate.
Em um anúncio que apanhou muitos de surpresa, o presidente dos EUA demitiu ontem (10) o diretor do FBI, James Comey, uma decisão que dizia ter “com efeitos imediatos”.
“O FBI é uma das instituições mais respeitadas do nosso país e hoje marca um novo ponto de partida para a agência referência do nosso sistema judicial”, afirmou Donald Trump em comunicado.
O presidente explicou que a decisão se baseou em uma recomendação do procurador-geral Jeff Sessions, mas também no modo como o diretor do FBI conduzia a investigação do caso dos e-mails de Hillary Clinton, o que chamou de “um mau trabalho”.
No entanto, Comey investigava também a alegada interferência da Rússia nas eleições de novembro passado, o que leva muitos a pensarem que a demissão se trata, na verdade, de uma tentativa de encobrir crimes do atual governo.
Na imprensa, há quem compare a demissão surpresa com a atitude tomada pelo 37º presidente dos EUA, Richard Nixon, no escândalo conhecido por “caso Watergate”.
Na época, o chefe de Estado também demitiu o procurador especial Archibald Cox, que investigava o assalto à sede do Partido Democrata pelos republicanos. Nixon renunciou ao cargo um ano depois, em 1974.
Segundo a BBC, agora, a comissão do Senado americano pediu ao ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump, o general Michael Flynn, que entregue todos os registros e documentos que o ligam aos russos.
Flynn renunciou ao cargo em fevereiro deste ano, depois de ter sido acusado de ter enganado o vice-presidente, Mike Pence, e outros funcionários da Casa Branca sobre seus contatos com a Rússia.
Sob suspeita está ainda Jeff Sessions, atual chefe do Departamento de Justiça, a quem Comey tinha pedido mais recursos para conseguir acelerar a investigação sobre as ligações da equipe de Trump à Rússia.
Em uma carta de despedida, oex-diretor do FBI diz que sempre acreditou que “um presidente pode demitir um diretor por qualquer razão ou por razão nenhuma“.
“Não vou perder tempo pensando na decisão ou na forma como foi executada. Espero que vocês também não. Está feito, e vou ficar bem, embora vá ter profundamente saudades de vocês e da missão”, escreveu Comey.
“É muito difícil deixar um grupo de pessoas que estão comprometidas a fazer apenas o que está certo. A minha esperança é que continuem vivendo os nossos valores e nossa missão de proteger os americanos e defender a Constituição“, acrescentou.
Sites especializados disseram à AFP que a decisão repentina de Trump fez com que as apostas sobre a possibilidade de vir a ser destituído disparassem nos últimos dias.
“Uma pessoa tentou apostar 100 mil libras a favor da saída de Trump”, contou à agência noticiosa Naomi Totten, da plataforma de apostas britânica Betfair.
// ZAP