Astrônomos descobrem nuvens gigantes “escondidas” em Vênus há 35 anos

Uma equipe de astrônomos encontrou nuvens venenosas, com gotas de ácido sulfúrico em sua formação, em meio à densa atmosfera de Vênus.

Curiosamente, essas nuvens já estavam presente na atmosfera venusiana há pelo menos 35 anos, mas jamais foram observadas antes. A descoberta foi publicada em um artigo na revista científica Geophysical Research Letters.

O estudo foi liderado pela JAXA, a agência espacial japonesa, que já havia identificado algo semelhante: entre 2016 e 2018, a sonda orbital Akatsuki captou imagens infravermelhas da metade escura do planeta.

Então, um time de pesquisadores liderados pelo físico Javier Peralta notou uma formação que se parecia muito com uma enorme onda atmosférica. A formação dessa vez é bem mais profunda do que qualquer onda atmosférica já observada em Vênus, e ocorre na camada que causa o efeito estufa por lá.

Uma análise feita junto de estudos anteriores mostrou que, na verdade, essa disrupção é recorrente, mas não é observada desde 1983: isso aconteceu porque os astrônomos “precisavam de acesso a uma grande e crescente coleção de imagens de Vênus coletadas nas últimas décadas com diferentes telescópios” explica Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço que contribuiu para o estudo.

Assim, eles descobriram que essas nuvens ácidas estão se deslocando pelo planeta em apenas cinco dias a aproximadamente 328 km/h. Essa é a primeira potencial candidata a onda planetária que é encontrada a baixas altitudes, e pode ajudar os astrônomos a estabelecerem uma relação entre a superfície e a dinâmica da atmosfera venusiana como um todo, o que ainda é um mistério.

Essa disrupção atmosférica é um fenômeno meteorológico nunca visto em outros planetas, o que dificulta uma interpretação correta dele; portanto, a disrupção será o foco de estudos futuros.

Enquanto isso, os autores sugerem que essa possa ser a manifestação física de uma onda atmosférica do tipo Kelvin, que se propaga presa na região equatorial de Vênus. Se esse for o caso, isso pode trazer um novo olhar sobre a rotação da atmosfera venusiana, além de ajudar os cientistas a entenderem como o relevo do planeta e as dinâmicas atmosféricas estão relacionados.

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