Apesar de ser um planeta de temperaturas infernais, de atmosfera tóxica e pressões esmagadoras na superfície, a NASA trabalha em uma missão tripulada para Vênus – a High Altitude Venus Operational Concept (HAVOC).
A NASA pretende levar o homem a Vênus, porém, há uma série de obstáculos que precisam ser ultrapassados para que a missão HAVOC seja bem sucedida.
As temperaturas em Vênus chegam a atingir os 460ºC, sendo mais quente que Mercúrio, mesmo estando Mercúrio mais perto do Sol – a temperatura de um planeta não depende só da proximidade do Sol, mas também da superfície e da atmosfera.
As temperaturas registradas em Vênus chegam a ser mais altas que o ponto de fusão de alguns metais, incluindo o bismuto e o chumbo, que chegam a cair como neve em alguns pontos do planeta.
A atmosfera de Vênus é composta por 97% de dióxido de carbono, 3% de nitrogênio e ainda conta com alguns vestígios de outros gases.
Quanto à superfície, Vênus não passa de uma paisagem rochosa estéril composto por vastas planícies de rocha basáltica de características vulcânicas.
O planeta, geologicamente jovem, também passou por recentes eventos catastróficos causados pela acumulação de calor por debaixo da superfície, que leva a que derreta, libere calor e volte a solidificar.
Feita a descrição desse curioso planeta que ainda surpreende astrônomos, a questão é saber como a NASA pretende conduzir uma missão tripulada ao planeta infernal.
A missão
Como a superfície de Vênus é caótica, a ideia da NASA não inclui qualquer pouso na superfície e utilizará a atmosfera densa como base para a exploração: o plano é utilizar aeronaves que possam permanecer suspensas na atmosfera superior por longos períodos de tempo.
Surpreendentemente, a atmosfera superior de Vênus é o local mais semelhante à Terra no Sistema Solar – entre 50 km e 60 km de altura, a pressão e a temperatura de Vênus podem ser comparadas a regiões da baixa atmosfera da Terra.
A pressão atmosférica de Vênus a 55 quilômetros de altura é cerca de metade da pressão ao nível do mar na Terra.
Essa pressão, sentida nessa altura, não obriga os seres humanos a utilizar qualquer equipamento de pressurização, pois é aproximadamente equivalente à pressão sentida no topo do Monte Kilimanjaro.
Quanto à temperatura, os astrônomos afirmam que se situa entre 20ºC e 30ºC, um valor muito aceitável para os seres humanos.
Curiosamente, a atmosfera acima dessas altitudes (50km-60km), é densa o suficiente para proteger qualquer astronauta da radiação ionizante do espaço.
A proximidade do planeta ao Sol fornece ainda uma maior taxa de radiação solar do que na Terra (cerca de 1,4 vezes superior) o que poderia ser utilizado para produzir energia.
A aeronave
Segundo o conceito da NASA, o dirigível flutuaria em volta do planeta, soprado pelo vento, e poderia ser enchido com uma mistura de gás respirável, como oxigênio e nitrogênio, que proporcionaria a flutuabilidade necessária – o ar respirável é menos denso que a atmosfera de Vênus e, como resultado, o dirigível conseguiria flutuar.
Essa ideia da NASA também leva em conta o material do dirigível, que necessita ser resistente ao efeito corrosivo do ácido existente na atmosfera.
A atmosfera de Vênus é conhecida por conter ácido sulfúrico que cria nuvens densas, que são um dos principais contribuintes para o brilho visível do planeta quando visto da Terra. Atualmente, já existem no mercado vários materiais comerciais com uma alta resistência à acidez, como é o caso do teflon.
Contudo, a missão é ainda um plano de longo prazo e a NASA ainda não anunciou publicamente qualquer data para o HAVOC, que contará, primeiro, com pequenas missões de testes. Apesar de ser nosso vizinho planetário mais próximo, pouco se sabe sobre esse planeta inóspito.
A missão pode revelar mais dados sobre o planeta e ajudar ainda a entender a evolução do Sistema Solar, e talvez até mesmo de outros sistemas.
Ciberia // ZAP