O líder do grupo radical islâmico Boko Haram, Abubakar Shekau, reivindicou nesta terça-feira (15/12) o sequestro de centenas de garotos estudantes do ensino médio no noroeste da Nigéria, ocorrido na sexta-feira passada.
“Sou Abubakar Shekau, e nossos irmãos estão por trás do sequestro em Katsina”, anunciou em mensagem de voz o líder do grupo, que também esteve por trás do sequestro de mais de 200 meninas em Chibok em 2014, um episódio que provocou uma onda de indignação internacional.
Ao menos 333 adolescentes permanecem desaparecidos desde o ataque a uma escola no estado de Katsina, noroeste da Nigéria. O ataque foi considerado atípico, já que a área fica a mais de 100 quilômetros do território controlado pelo Boko Haram.
Habitualmente, o grupo atua nas proximidades do lago Chade, mas o novo ataque parece demonstrar que está expandido sua área de operação.
O número de 333 estudantes sequestrados foi divulgado pelo governador de Katsina e confirmado na segunda-feira por fontes militares, mas pode sofrer alterações, já que alguns dos alunos podem estar escondidos.
No Twitter, o governador Aminu Bello Masari afirmou que estão sendo travadas “negociações” com os sequestradores para garantir a segurança dos adolescentes e permitir seu retorno às suas casas.
O ataque
Mais de cem homens armados, em motos, atacaram na sexta-feira à noite uma escola rural na cidade de Kankara. Muitos adolescentes conseguiram fugir e se refugiaram numa floresta próxima, enquanto outros foram capturados, separados em vários grupos e levados pelos agressores, relataram habitantes.
Num primeiro momento, o sequestro foi atribuído a grupos armados de criminosos comuns, como forma de exigir pagamento de resgate. “O anúncio da reivindicação pelo Boko Haram destruiu toda a esperança que eu tinha de voltar a ver meu filho em breve”, disse o pai de uma das crianças. No caso do rapto de 276 alunas em 2014, cerca de cem continuam desaparecidas.
O presidente Muhammadu Buhari condenou o ataque e ordenou o reforço das medidas de segurança em todas as escolas. Todos os centros de ensino foram fechados no estado de Katsina.
O grupo jihadista de Abubakar Shekau cometeu inúmeras atrocidades nas últimas semanas. Reivindicou o massacre de dezenas de trabalhadores agrícolas perto de Maiduguri, a capital do Estado de Borno. Também assumiu a autoria de um bárbaro ataque no fim de semana passado a uma aldeia perto de Diffa, no país vizinho do Níger, onde ao menos 28 pessoas morreram, a maioria queimadas vivas.
O conflito jihadista já causou 36 mil mortes, principalmente no nordeste do país, e cerca de 2 milhões de deslocados. Expandiu-se para o Chade, Camarões e Níger, países vizinhos da bacia do lago Chade.
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