O Exército do Canadá destacou cem soldados para uma zona da fronteira com os Estados Unidos. Os militares vão construir um campo improvisado com capacidade para acolher 500 requerentes de asilo.
Em 2010, o Haiti foi abalado por um terremoto catastrófico que deixou muitos dos naturais da ilha sem nada. O país foi devastado e desde então tem lutado contra uma epidemia de cólera que piorou os esforços de reconstrução das infraestruturas e de melhoria das condições de vida pela passagem do furacão Matthew em outubro.
A administração Obama, que na altura ocupava a presidência, criou um programa humanitário que garantia o acolhimento desses nacionais nos EUA. Em maio passado, a administração Trump ameaçou encerrar o programa, o que pode deixar 58 mil haitianos à mercê da deportação para um país que não tem condições para recebê-los.
John Kelly, chefe de gabinete da Casa Branca, anunciou uma extensão do programa – que concedia aos haitianos o estatuto de proteção temporária (TPS) – por mais seis meses. Além disso, o homem que chefiava o Departamento de Segurança Nacional, disse que os haitianos não deveriam estar à espera que o programa volte a ser alargado em novembro.
O “prazo” de seis meses servia “para permitir que os haitianos que receberam TPS nos Estados Unidos obtenham documentos de viagem e preparem a sua partida dos país e serve também para dar ao governo do Haiti tempo necessário para se preparar para a futura repatriação dos atuais beneficiários de TPS”, explicou.
Agora, os haitianos, preocupados com a iminente deportação, têm atravessado, a pé, com temperaturas abaixo de zero, e em números cada vez maiores a fronteira para o Canadá, através de zonas remotas como Saint-Bernard-de-Lacolle, no Quebec, e Champlain, no estado de Nova York.
É também nessa zona que estão começando a ser instalados os campos – desde quarta-feira (9) que o Exército canadense está na zona montando tendas – com capacidade de abrigar cerca de 500 pessoas.
As autoridades canadenses têm registrado cerca de 250 chegadas diárias a Montreal nas últimas semanas e, apesar de não serem só haitianos, eles constituem a maioria.
Para gerir o crescente número, as autoridades canadenses passaram o último mês a criar novos centros de acolhimento, tendo instalado centenas de camas no Estádio Olímpico da capital do Quebec na semana passada, similar ao que já foi feito em um antigo convento e num hospital desativado.
Informações erradas
Segundo o Expresso, os imigrantes que têm tentado “fugir” dos EUA são alimentados por informações falsas sobre a facilidade de obter vistos de residência no Canadá.
Os imigrantes haitianos instalados nos EUA começaram a atravessar a fronteira para o Canadá a pé e em elevados números, na esperança de obterem estatuto de refugiados no país.
O Ministério da Imigração do Canadá já respondeu à desinformação disseminada na internet, avisando na semana passada que as mensagens são incorretas e que, em 2016, só metade dos pedidos de asilo por haitianos foram considerados, um aumento de 10% em relação a 2015.
O programa de TPS do Canadá que abrangia cidadãos do Haiti foi suspenso pelo governo de Justin Trudeau no ano passado, com o primeiro-ministro a convidar os 3.200 beneficiários a se candidatarem à residência permanente.
A maioria deles já seguiu o conselho, mas organizações não-governamentais têm avisado que alguns não deverão obter autorização para ficarem a viver legalmente no país.
// ZAP