Chamada por Trump de ‘fantoche da China’, OMS será avaliada por organismos independentes

Os 194 países membros da Organização Mundial da Saúde (OMS), incluindo Estados Unidos e China, adotaram nesta terça-feira uma resolução que prevê uma “investigação independente” da reação desta agência da ONU à pandemia do novo coronavírus.

Muito criticada pela demora e pelos métodos utilizados para lutar contra a propagação global da Covid-19, a organização deverá agora prestar contas a seus estados membros.

A proposta foi aprovada por consenso. Ela prevê o lançamento “o mais rápido possível de uma investigação imparcial, independente e completa” das ações internacionais tomadas em resposta à pandemia, com o objetivo de “melhorar as capacidades globais de prevenção, preparação e resposta a epidemias”. Essa avaliação, cujos contornos permanecem obscuros, terá que examinar “as medidas adotadas pela OMS em resposta à pandemia de Covid-19 e sua respectiva cronologia”.

A OMS e seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, estão sob forte pressão dos Estados Unidos, que os acusam de terem “se equivocado” na administração da pandemia, que matou mais de 318.000 pessoas desde seu aparecimento em dezembro na China.

Acusando a OMS de ser um “fantoche da China“, Washington acredita que a agência teria negligenciado um alerta precoce de Taiwan sobre a gravidade do coronavírus, o que teria atrasado a declaração do estado de uma pandemia global. A organização rechaça a acusação.

Trump exige prazo para “resultados”

O presidente norte-americano, Donald Trump, deu hoje à OMS e a seu diretor-geral um mês para obterem resultados significativos. Os Estados Unidos são tradicionalmente o maior doador da entidade. Embora a resolução adotada nesta terça-feira na reunião anual da Assembleia Mundial da Saúde não se refira diretamente à China, os Estados Unidos não se opuseram a ela.

No entanto, os norte-americanos suspeitam que Pequim tenha ocultado um acidente de laboratório que, segundo Washington, estaria na origem da pandemia e reivindicou total transparência. Na segunda-feira (18), o secretário de Estado da Saúde americano, Alex Azar, havia assegurado que o “fracasso” da OMS contra o Covid-19 custará “muitas vidas”, exigindo uma organização “muito mais transparente” e “mais responsável”.

A China correu em socorro à agência da ONU, acreditando que o governo dos EUA estava tentando “se esquivar de suas obrigações” em relação à OMS e “manchar os esforços” de Pequim diante da epidemia.

Já o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, denunciou, sem nomeá-los, os países que “ignoraram as recomendações da OMS” para testar e isolar sistematicamente os contaminados, bem como para impor medidas estritas de distanciamento físico.

Resposta dos chineses

As autoridades chinesas responderam repetidamente às alegações norte-americanas, acreditando que serviam para fazer as pessoas esquecerem o impacto da pandemia nos Estados Unidos, o país mais afetado em termos de número de mortes e contágios, com 90.369 óbitos para 1,5 milhão de casos da doença comprovados.

Os Estados Unidos também lamentaram os termos da resolução que pedia a “remoção urgente de obstáculos injustificados” ao “acesso universal, rápido e equitativo e distribuição justa” de tratamentos e vacinas.

O texto incentiva mecanismos para o compartilhamento “voluntário” de patentes e direitos de propriedade intelectual no âmbito de acordos internacionais. Mas Washington teme um precedente perigoso para a capacidade de investir em pesquisas e laboratórios.

“Os Estados Unidos reconhecem a importância do acesso a produtos de saúde acessíveis, seguros, de alta qualidade e eficazes”, mas a resolução “envia uma mensagem ruim aos inovadores”, assegura a representação norte-americana nas Nações Unidas em Genebra.

// RFI

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