Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) trabalham no mapeamento das inovações que surgirão na indústria brasileira nos próximos dez anos.
Parte do estudo foi apresentado nesta segunda-feira (16) durante a 18ª edição dos Diálogos da Modernização Empresarial pela Inovação (MEI), evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
David Kupfer, coordenador geral do projeto e pesquisador da UFRJ, avalia que a indústria no país está atrasada. “As inovações, hoje, estão numa fase em que não transformam, não melhoram a competição. Mas há grande possibilidade de isso acontecer na próxima década”, disse.
Ele explica que não é necessária uma descoberta revolucionária para que a inovação chegue à indústria. “A convergência de tecnologias já existentes, emergentes, ao serem incorporadas, vão provocando o processo de transformação”, disse.
Segundo o coordenador do projeto, na comparação entre as áreas de transformação, chamadas de clusters, a nanotecnologia está entre as mais promissoras, com inovações frequentes e expectativa de amadurecimento em até cinco anos.
A biotecnologia, especialmente o sequenciamento genômico, também mostra-se madura, na avaliação do especialista. Além disso, a inteligência artificial no setor de bens de capital encontra-se em fase um pouco mais avançada.
A maior parte dos clusters, no entanto, não tem previsão de avanços no curto prazo. “Em energia, nos próximos dez anos, não devemos esperar nada além de impactos moderados. Não haverá economia que venha a provocar transformações”, disse Kupfer.
O especialista também acredita que os carros elétricos, setor que também investe em inovação, devem demorar ainda mais para se tornarem comuns. “O tempo de uso na vida real não é compatível com um prazo tão curto de tempo [de dez anos de investimentos]”, disse.
Internet das Coisas
O especialista da Unicamp Antônio Bordeaux destaca a expectativa de que a Internet das Coisas – integração tecnológica que inclui recursos digitais na linha de produção, que resulta na produção de máquinas e dispositivos conectados – gere ganhos de 20% a 30% em produtividade.
A análise de dados é o diferencial da Internet das Coisas, segundo Bordeaux. “Os tesouros são os dados gerados a partir da observação da linha de produção. O que se coloca nos produtos que saem das fábricas”, disse.
O especialista exemplifica com o caso da Tesla, empresa dos Estados Unidos que fabrica carros elétricos de alto desempenho e vende exclusivamente pela internet. “Ela é, hoje, a empresa de maior aceitação do público no relacionamento com o mercado. Além do desempenho e apelo ecológico, no momento em que o seu carro está andando na rua, você recebe a mensagem sobre como fazer a manutenção, por exemplo”, disse ele.
Bordeaux incentiva os empresários a não esperar por uma iniciativa do governo federal para investir em inovação, pois é necessária agilidade neste campo.
Ele também descarta outros receios, como o risco de ataques cibernéticos e a falta de profissionais qualificados. Em sua visão, o investimento em segurança da informação e a qualificação profissional podem superar os obstáculos que venham a surgir.
Ciberia // Agência Brasil