Cientistas revelam 5 sistemas estelares que podem conter mundos habitáveis

Tim Pyle / NASA

A partir de novo cálculo científico foi possível reduzir a busca por vida em cinco sistemas planetários: Kepler-34, Kepler-35, Kepler-38, Kepler-64 e Kepler-413, sendo o Kepler-38 especialmente promissor.

Os cientistas tem apenas o parâmetro da Terra para medir a habitabilidade dos exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar). A partir disso, os cientistas já sabem que a maioria das estrelas da Via Láctea, no entanto, não é como o Sol, que é a única estrela no seu sistema planetário. Em vez disso, até 85% das estrelas podem ter pelo menos um companheiro preso em órbita mútua, ou seja, são sistemas com duas estrelas (binários).

Esta habitabilidade potencial é mais fácil de avaliar em torno de estrelas isoladas. Companheiros binários trazem interações gravitacionais adicionais e radiação estelar que podem impedir quaisquer micróbios de escapar do chamado caldo primordial. E isto dificulta o estudo científico.

Há alguns anos, o astrofísico Siegfried Eggl, agora da Universidade de Illinois Urbana-Champaign e da Universidade de Washington, desenvolveu uma estrutura analítica para determinar as zonas habitáveis de sistemas de estrelas binárias, dadas essas complicações adicionais.

Agora, ele e seus colegas Nikolaos Georgakarakos e Ian Dobbs-Dixon, da Universidade de Nova York em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos – aplicaram essa estrutura a sistemas binários conhecidos que possuem exoplanetas gigantes, em uma nova tentativa de busca por habitabilidade potencial, de acordo com a pesquisa publicada na revista Frontiers in Astronomy and Space Sciences.

“Usamos dados coletados pela espaçonave Kepler, como a massa das estrelas, sua luminosidade, a localização de um planeta gigante e outros parâmetros para criar uma metodologia a fim de identificar sistemas com duas estrelas, que podem possuir planetas habitáveis semelhantes à Terra”, explicou Eggl.

Os nove sistemas que a equipe estudou foram todos identificados pela missão Kepler: Kepler-16, Kepler-34, Kepler-35, Kepler-38, Kepler-64, Kepler-413, Kepler-453, Kepler-1647 e Kepler-1661. Todos esses sistemas foram analisados pela equipe por meio de equações, em vez de simulações, que consomem muito mais tempo.

“É um método analítico que quase não requer nenhum esforço computacional […] usamos modelos atmosféricos pré-calculados para isso”, disse Eggl. “O benefício de nossa abordagem é que qualquer um pode pegar nossas equações e aplicá-las a outros sistemas para determinar onde melhor procurar mundos semelhantes à Terra.”

Dos nove sistemas, dois foram identificados como particularmente desfavoráveis. Kepler-16 e Kepler-1647 hospedam planetas gigantes muito mal posicionados para criar uma zona habitável estável – uma região onde os exoplanetas não estão tão perto da estrela que a água da superfície evapore, e não tão longe que congele totalmente.

O sistema Kepler-16 tem uma zona habitável menor devido às perturbações gravitacionais do companheiro binário. Em ambos os sistemas, o planeta gigante torna toda a zona habitável dinamicamente instável.

No entanto, cinco dos sistemas poderiam de fato ter mundos habitáveis: Kepler-34, Kepler-35, Kepler-38, Kepler-64 e Kepler-413, sendo o Kepler-38 especialmente promissor. Mesmo assim, as condições de habitabilidade em qualquer planeta de duas estrelas requerem um complicado ato de equilíbrio.

“Se um planeta chegar muito perto de sua estrela, seus oceanos podem ferver. Se o planeta estiver muito longe, a água em sua superfície acabará congelando, assim como a própria atmosfera, como o CO2 que se forma sazonalmente nas calotas polares em Marte “, explicou Eggl.

A expectativa é que, assim que os pesquisadores possam confirmar que um planeta é potencialmente habitável, comece a investigação de quanta radiação ele recebe das duas estrelas ao longo do tempo, para estimar a quantidade real de radiação que o planeta absorve.

Ao procurar por exoplanetas que poderiam hospedar vida, é desejável uma rede ampla, mas não se essa rede incluir sistemas que sabemos ser inóspitos. Esta nova descoberta pode ajudar a definir os parâmetros para trabalhos futuros de busca de vida extraterrestre.

Ciberia // Sputnik

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