Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) criaram um material biológico usando bactérias E. coli geneticamente modificadas, no que poderia ser o primeiro exemplo de roupas semivivas.
O material, chamado de “bioLogic”, é um tecido que se resfria sozinho, direcionado ao mercado de roupas esportivas.
Até agora, os pesquisadores afirmam que o tecido pode autorregular sua temperatura e umidade, respondendo à temperatura corporal e à transpiração do usuário. Além disso, a bactéria foi modificada para brilhar à noite.
A pesquisa foi publicada no dia 19 de maio na revista científica Science Advances.
A Frankenstein dos pesquisadores
Quando a maioria das pessoas pensam em E. coli, as primeiras coisas que vêm à mente são intoxicação alimentar e infecções do trato urinário. No entanto, essas bactérias podem ser facilmente manipuladas geneticamente, de forma que os cientistas adoram usá-las para fazer todo tipo de coisas estranhas.
A bactéria tem já um longo percurso na história da ciência, e se tornou o brinquedo preferido de biohackers e pesquisadores de todo o mundo. Geneticistas já transformaram a E. coli em discos rígidos orgânicos e até conseguiram criar o primeiro código de DNA de seis letras usando uma versão modificada da bactéria.
Mas de acordo com um comunicado de imprensa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o designer do tecido, Wen Wang, acredita que o bioLogic pode ter ainda mais aplicações estranhas.
“Podemos combinar nossas células com ferramentas genéticas para introduzir outras funcionalidades nessas células vivas. Usamos fluorescência como um exemplo, e isso pode alertar as pessoas de que alguém está correndo no escuro, por exemplo”, diz o cientista.
“No futuro, podemos combinar funcionalidades de liberação de odor através da engenharia genética. Então, talvez, depois de ir à academia, a camiseta possa até liberar um odor agradável”, conclui Wang.
Avanços como estes sugerem um futuro em que materiais ou até mesmo eletrônicos já não são fabricados ou montados, mas sim cultivados.
Mas à medida que os geneticistas encontram novas formas de forçar o tecido da vida a trabalhar a nosso favor, teremos que redefinir o que constitui a própria vida, para contornar algumas das questões éticas que podem surgir.
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