Novos dados indicam que os circuitos cerebrais usados para a linguagem têm outras funções e existem em outros animais. Até agora, era defendida a teoria de que a linguagem depende de módulos inativos específicos para a linguagem, que apenas os humanos possuem.
Agora, a teoria é posta à prova por um grupo de cientistas que concluiu que “a linguagem se aprende em sistemas antigos, em termos evolutivos, com uma função generalista”.
De acordo com um estudo, publicado recentemente nos Proceedings of the National Academy of Sciences, a linguagem é processada em sistemas cerebrais usados em muitas outras funções. Além disso, os circuitos já existiam antes de o homem ter aparecido.
O trabalho resulta da junção de múltiplos estudos, em um total de 665 participantes, avança a revista Visão.
Outra das conclusões é a de que as crianças aprendem a língua materna e os adultos uma língua estrangeira em circuitos cerebrais antigos. Estes circuitos cerebrais já existiam em tempos primitivos e são usados em outros tipos de tarefas, como aprender a dirigir, por exemplo.
“Estes sistemas cerebrais existem em animais, como os ratos, que os usam para circular em um labirinto”, explica o coautor do estudo, Phillip Hamrick, PhD da Universidade Estatal de Kent.
As conclusões mostram que conseguir pronunciar palavras não nos torna tão especiais quanto pensávamos. Além disto, o estudo pode servir de base a novas formas de tratamento de problemas relacionados com dificuldades na fala, associadas a danos cerebrais, como o autismo ou a dislexia.
“Acreditamos que este estudo nos ajudará a compreender melhor a linguagem, como podemos melhorar a forma de aprender uma segunda língua e corrigir problemas relacionados com a fala”, conclui Michael Ullman, pesquisador principal do estudo e professor de neurociências da Faculdade de Medicina da Universidade de Georgetown.
Ciberia // ZAP