Um levantamento de dados da Folha de São Paulo com informações do DataSUS, base de dados do Ministério da Saúde, mostrou que pelo menos 16 mil pessoas receberam doses de vacinas diferentes em seu processo imunização.
O dado preocupa pois essas pessoas não tiveram sua imunização completa e não se sabe que impactos esse tipo de combinação pode causar. Todos os casos foram registrados em interações entre a vacina Astrazeneca e a Coronavac.
Segundo especialistas, interação entre duas vacinas que não foi testada pode apresentar riscos para saúde e imunização pode ser incompleta
A Folha revelou que 1.735 pessoas tomaram a primeira dose da Coronavac e a segunda de Astrazeneca, enquanto outras 14.700 realizaram o processo contrário.
Segundo a reportagem, 70% dos erros foram aplicados em profissionais de saúde durante os primeiros estágios da vacinação no país.
Não existem estudos que garantam a eficácia das vacinação com dois imunizantes diferentes. Sabe-se, entretanto, que o imunizante da Oxford/Astrazeneca garante 76% de imunidade na primeira dose a partir de três semanas.
“O que nós sugerimos ao ministério é que seja emitida uma nota técnica em que os casos de pessoas que receberam as doses trocadas sejam notificados como um erro vacinal e elas recebam uma terceira dose dentro do intervalo estabelecido”, disse a imunologista Cristina Bonorino, membra do Comitê de Eventos Adversos das Vacinas da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, à BBC Brasil.
Um quarto dos casos foi registrado no estado de São Paulo e metade dos casos na unidade federativa do país foram encontrados em Santo André. A prefeitura da cidade afirmou que ocorreram problemas logísticos e erros nos registros, mas que a situação foi normalizada.
Questionado, o Ministério da Saúde afirmou que a responsabilidade pela distribuição das vacinas pelo PNI é dos municípios. “A pasta esclarece que cabe aos estados e municípios o acompanhamento e monitoramento de possíveis eventos adversos a essas pessoas por, no mínimo, 30 dias”, afirma o Ministério da Saúde à Folha.
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