A Organização Mundial da Saúde (OMS) concedeu nesta segunda-feira (15) a aprovação de emergência para a vacina anticovid da AstraZeneca. A medida abre caminho para a distribuição de centenas de milhões de doses para países desfavorecidos.
“A OMS registrou hoje (segunda-feira) duas versões da vacina AstraZeneca/Oxford para uso emergencial, dando sinal verde para que essas vacinas sejam distribuídas globalmente por meio da Covax”, informa um comunicado, em alusão ao programa de garantia a um acesso equitativo às vacinas.
Este procedimento, ao qual a OMS pode recorrer em caso de emergência sanitária, ajuda os países que não dispõem de meios para determinar por si próprios a eficácia e segurança de um medicamento, com intuito de ter acesso mais rápido.
“Os países sem acesso às vacinas até hoje poderão finalmente começar a imunizar seus profissionais de saúde e as populações mais vulneráveis”, declarou Mariangela Simão, vice-diretora geral da OMS responsável pelo acesso aos medicamentos.
A vacina da AstraZeneca representa a grande maioria das 337,2 milhões de doses que o dispositivo Covax – integrado pela OMS, pela Aliança da Vacina (Gavi) e pela Coalizão por Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi) – pretende distribuir no primeiro semestre deste ano. Essas doses são fabricadas na Coreia do Sul e na Índia pelo Serum Institute of India (SII).
Na semana passada, o imunizante foi recomendado pelo comitê de especialistas em vacinas da OMS para qualquer pessoa com 18 anos de idade ou mais, inclusive em países onde mais variantes contagiosas estão circulando. A decisão foi anunciada apesar de o produto da AstraZeneca ter levantado dúvidas sobre a eficácia quando aplicado em idosos acima de 65 anos e diante da variante encontrada na África do Sul.
Mais fácil para estocar
No entanto, para a OMS e seus especialistas, essa vacina cumpre perfeitamente a prioridade do momento: limitar a gravidade e a mortalidade de uma pandemia que já matou 2,4 milhões de pessoas em pouco mais de um ano. Esse imunizante já está sendo aplicado em vários países, com a primeira campanha de vacinação em massa iniciada no Reino Unido em dezembro.
Embora seja considerado menos eficaz que as vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna, que utilizam pela primeira vez a técnica de RNA mensageiro, a vacina da AstraZeneca tem a grande vantagem de poder ser armazenado em sistemas comuns de refrigeração. Este é um argumento fundamental para os 92 países e territórios que a receberão gratuitamente por meio do dispositivo Covax.
Sua tecnologia chamada “vetor viral” torna-a muito mais em conta: cerca de € 2,5 (R$ 16) por dose, com variações dependendo dos custos de produção locais. O laboratório britânico também prometeu não lucrar com o produto. Mas, como outros fabricantes, a AstraZeneca está lutando para responder à enorme demanda pelo medicamento e teve que buscar empresas parceiras para conseguir produzir uma maior quantidade.
Apesar de todas essas iniciativas, o processo para levar vacinas aos países mais desfavorecidos é longo. Embora o número de doses aplicadas no mundo já supere o número de casos registrados da Covid-19, três quartos dessas vacinas foram realizadas em apenas 10 países, que correspondem a 60% do PIB mundial, conforme ressalta o diretor-geral do OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
// RFI