Poeira estelar localizada em meteorito que caiu há mais de 50 anos na Austrália é datada de 7 bilhões de anos. Material foi formado antes mesmo do Sistema Solar.
Um meteorito que caiu em 1969 no sudeste da Austrália contém o material sólido mais antigo já encontrado na Terra, anunciaram nesta segunda-feira (13/01) pesquisadores do Museu Field e da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. A idade da poeira estelar é anterior à formação do Sistema Solar.
A poeira estelar, que os investigadores calculam ter entre 5 bilhões e 7 bilhões de anos, encontrada no meteorito “é o material sólido mais antigo já encontrado e nos conta como é que as estrelas se formaram na nossa galáxia”, disse Philipp Heck, um dos autores do estudo publicado na revista especializada PNAS.
Esse material foi formado milhões de anos antes do Sol e da própria Terra, que cientistas calculam ter cerca de 4,6 bilhões de anos e 4,5 bilhões de anos, respectivamente.
“São amostras sólidas de estrelas, poeira estelar real”, que ficou presa em meteoritos e permaneceu inalterada por bilhões de anos, se tornando autênticas cápsulas do tempo, destacou Heck, em comunicado. As estrelas se formam a partir de nuvens de poeira e gás e quando morrem produzem também nuvens de poeira cósmica, que voltam a formar outros corpos celestes, como novas estrelas, planetas, luas ou meteoritos.
Heck e a sua equipe analisaram o meteorito, que caiu no estado australiano de Victoria em 28 de setembro de 1969, e encontraram partículas denominadas ‘grãos minerais pré-solares’, anteriores à formação do Sol. Esses grãos são muito raros devido ao seu tamanho minúsculo e por serem encontrados em apenas 5% dos meteoritos que caem na Terra.
Embora cientistas tivessem identificado as partículas há cerca de 30 anos na Universidade Chicago, sua idade não pode ser determinada naquela época. Para descobrir de que tipo de estrela eram os grãos e sua data de origem, cientistas usaram uma técnica que mede a exposição de raios cósmicos, que interagem com a matéria e formam novos elementos. “Quanto mais tempo estiverem expostos, mais elementos se formam“, disse Heck.
De acordo com Jennika Greer, coautora do estudo, o processo de análise do material presente no meteorito começa com a trituração de fragmentos do meteorito até ficarem em pó e se transformarem numa espécie de pasta, posteriormente dissolvida em ácido até restarem apenas os grãos pré-solares.
Pesquisadores disseram que essa descoberta proporciona dados para aprofundar o debate científico sobre o ritmo de formação de estrelas na Via Láctea. “Temos evidências diretas de um período de formação de estrelas em nossa galáxia há 7 bilhões de anos. Essa é uma das principais conclusões do estudo”, destacou Heck.
O resultado também confirma uma teoria astronômica que previu que houve um “baby boom de estrelas” antes da formação do Sol, em vez de um ritmo constante.
Até agora, o material sólido mais antigo encontrado na Terra era também um grão pré-solar de 5,5 bilhões de anos. Já o mineral mais antigo formado no planeta foi descoberto em rochas na Austrália e data de 4,4 bilhões de anos.
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