O diplomata norte-americano Bill Richardson se demitiu da comissão de assessores criada pelo governo de Myanmar para abordar a crise dos refugiados Rohingya, deixando duras críticas à lider do país, Aung San Suu Kyi.
O painel foi criado com o objetivo de aplicar as recomendações da comissão liderada por Kofi Annan para dar resposta à violência no estado de Rakhine, no oeste de Myanmar, e à discriminação que atinge os Rohingya.
De acordo com o Expresso, Richardson acusou Aung San Suu Kyi – a Nobel da Paz que é líder do governo desde 2016 – de não ter qualidades de “liderança moral”. Na sua opinião, a comissão é “uma fachada fraudulenta” do que tem se passado no país no que diz respeito à minoria étnica muçulmana.
Em entrevista à Reuters, o diplomata disse que sua demissão se dá pelo fato de o painel de conselheiros ser “uma fachada” e porque não quer “integrar um esquadrão de apoio ao governo” de Suu Kyi.
Na segunda-feira (22), explicou, discutiu com a líder do governo civil de Myanmar sobre o caso dos dois jornalistas da Reuters que foram presos durante uma investigação aos acontecimentos dos últimos meses em Rakhine e que serão julgados por suposta violação de segredos de Estado.
Suu Kyi teria ficado “furiosa”, nas palavras do diplomata, tendo insistido que aquele caso “não é da conta da comissão”. Richardson ficou “chocado com o vigor com que Suu Kyi rebaixou a mídia, as Nações Unidas, os grupos de Direitos Humanos e a comunidade internacional ao longo dos três dias de encontros do painel.
“Ela não está obtendo bons conselhos da sua equipe”, acrescentou, dizendo que a conhece desde os anos 1980 e que não demonstra qualquer liderança moral na questão de Rakhine, “nem face às alegações tecidas, algo que eu lamento”.
Também em entrevista à Reuters, Roelof Meyer, ex-ministro da Defesa da África do Sul, disse que qualquer sugestão de que a comissão “é apenas uma fachada ou um megafone do governo são completamente falsas e injustas”, desmentindo o diplomata.
Segundo o Expresso, o governo de Myanmar ainda não respondeu às alegações do diplomata Bill Richardson.
Ciberia // ZAP
